• sábado, 30 de abril de 2011

    Identidade e articulação

    
    É fato conhecido que um grupo de jovens sozinho não é Pastoral da Juventude. “Como não??? A base da PJ são os grupos!!”, pode questionar um leitor. A este leitor eu peço que releia a frase. Um grupo de jovens SOZINHO não é Pastoral da Juventude.
    Se ainda assim, meu caro amigo não entender a mensagem, explico de um jeito diferente. Pastoral se dá na articulação, da mesma forma que uma pessoa sozinha não é comunidade e até para rezar do jeito cristão é necessário que existam pelo menos duas pessoas (Mateus 18,20).
    “Espere aí! Meu grupo está numa região onde não existe mais Pastoral da Juventude. Nós nos identificamos com a proposta. Então não somos PJ?”.
    Aí esta a grande questão! Identificar-se com a proposta. Identidade. Conheço tantos companheiros e tantas companheiras ligados e ligadas à PJ que teimam e batem o pé falando que é preciso, necessário e urgente que a Pastoral da Juventude rediscuta a sua própria identidade. Como assim, meus caros? “E, Rogério, o que tem uma coisa (isolamento) a ver com a outra (identidade)? Isso está me parecendo o samba do pejoteiro louco”.
    Explico. Olhe para a realidade pejoteira que você vive e aquela que você conhece. Você acha que somos uma pastoral de gabinete, de escritório, de umas poucas cabeças pensantes, de uma elite que pensa para a massa executar? Há gente que pensa que somos assim, mas digo que estão errados. Você pode até achar uma ou outra liderança pejoteira sem a devida formação e com uma prática não condizente com isto, mas eles não são maioria.
    Reafirmo que não somos uma pastoral de escritório. E poderia dar uma série de exemplos neste sentido. Mas dou um só para não me alongar. Já ouviram falar de casos de dioceses que tiveram suas coordenações de PJ cassadas? Sim. E, ouviram falar que depois desta degola, outra coordenação tão pejoteira quanto a anterior assumiu a coordenação? Se sim, eu lhe digo que a coordenação anterior fez bem a lição de casa. E respeitou um princípio básico da identidade pejoteira.
    Que princípio é este? Boas coordenações são aquelas que preparam outros para assumirem seu lugar. Isto eu aprendi no meu primeiro ano de PJ, lá atrás, nos tempos das cavernas (rs). E uma boa coordenação de PJ articula forças e grupos em rede, de modo que o trabalho não pereça se um ou outro núcleo fracassarem, mas que os outros núcleos próximos os auxiliem a se reerguer.
    E quem definiu este princípio de identidade? A Igreja? Um grupo de assessores místicos? Não e não! A prática, meu caro! É assim com a vida humana e é assim com a vida pastoral. A gente aprende quem a gente é e o que a gente quer ser, vivendo e experimentando, ouvindo e experimentando, aprendendo e experimentando. O que eu quero dizer? Que identidade se faz na prática.
    Há duas observações aí, portanto: os princípios da PJ, como grupos pequenos, assessoria, tempos de coordenação, revisão de vida, formação integral, por exemplo, não são dogmas inquestionáveis. Pode-se experimentar variações nestes temas. Mas são termos consagrados pelo uso. Se alguém faz diferente e mostra um bom resultado, é o caso de estudar este caso. A identidade se faz na prática. A gente aprendeu a ser PJ contando com a experiência vivida por tantos jovens e assessores antes da gente. Eles nos deram nossa marca, eles nos deram nossa experiência. E a gente vai deixar uma marca e uma experiência também para as gerações futuras continuando a fazer pastoral a partir da realidade que nos cerca.
    A segunda observação remete ao início deste texto. O grupo isolado que se identifica com a causa da PJ não fica isolado. Não pode e não consegue estar sozinho sob o risco de se extinguir. Quem já comeu do fruto da árvore pejoteira se sente impelido a levar a proposta adiante. E acaba descobrindo justamente o que eu já disse: a identidade com a PJ vai se firmar na prática, seja ela prática missionária ou prática de articulação. Vai ter dificuldades? Claro! Mas são justamente as vitórias sobre as dificuldades que dão o tempero especial na nossa vida, em todos os sentidos!

    quinta-feira, 21 de abril de 2011

    Feliz e Santa Páscoa !!!

    Caros Jovens,

    A Igreja celebra com grande júbilo a solenidade da Páscoa, comemorando a morte salvadora de Jesus Cristo e sua ressurreição gloriosa. Ele venceu a morte e abriu para a humanidade o caminho da esperança e da vida nova.

    Com a ressurreição de Jesus, os discípulos passaram da tristeza e do desânimo à alegria incontida; nos encontros com o Senhor ressuscitado, seus corações desorientados e abatidos pela dor vibraram novamente. Viram que Jesus não estava mais entre os mortos e lhes indicava novamente o caminho a seguir. Para os discípulos, isso também significou passar da morte para a vida!

    A celebração pascal, ainda hoje, inunda a Igreja com essa mesma alegria. Jesus Cristo ressuscitado está com a humanidade, que ele ama infinitamente; age no meio de nós através do Espírito Santo, inspira os corações na escolha do bem e os move a aderirem ao reino de Deus. Jesus ressuscitado assiste sua Igreja com capricho constante: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Por isso a comunidade reunida em seu nome pode proclamar com firme fé: Ele está no meio de nós!

    Em cada domingo, celebramos a Páscoa ao redor da mesa da Eucaristia. Reunimos em nome de Jesus Cristo, recordamos sua paixão, morte e ressurreição, ouvimos sua palavra, somos animados na fé, esperança e caridade, e nos alimentamos com o pão da vida, alimento para o serviço dos irmãos no quotidiano da vida.

    Que nesta Páscoa proclamamos com renovada fé: Vinde e vede, o Senhor ressuscitado está no meio de nós! Queremos compartilhar esta Boa Notícia com nossos irmãos de fé, com os que padecem de muitas maneiras, com todas as pessoas que encontramos de modo especial, à Juventude.

             Uma Feliz e Santa Páscoa é o que deseja a  Equipe Arquidiocesana da Pastoral da Juventude a todos e todas.

    Daniel Augusto

    Será que é um sonho?


    Salvador, 17 de fevereiro de 2009.

    “Ai de mim se eu não disser a verdade que eu ouvir,

    ai de mim se eu me calar quando Deus me mandar falar”.





    No último final de semana, de 13 a 15 de fevereiro de 2009, na Diocese de Teixeira de Freitas no estado da Bahia, aconteceu mais uma Ampliada das Pastorais da Juventude do Regional Nordeste III, a qual teve como tema central: Construção de um Projeto Popular para o Brasil.

    Durante o encontro eu ficava pensando o porquê de conseguirmos caminhar de forma tão linda e em outros regionais e em nível nacional as pastorais não conseguirem manter uma relação verdadeira, amorosa, cuidadosa, respeitosa e feliz. Listei algumas questões que acredito que faz de nossa caminhada um diferencial:

    Compreensão da importância de cada específica;

    Em nosso regional nós sentimos de forma nítida a importância e a contribuição de cada específica para a organização da juventude e para a concretização do Reino de Deus. Para nós é muito importante que tenhamos as quatro experiências e por essa razão estamos articulando a PJE, porque é a única específica que não temos em nosso regional e entendemos que a implantação dela é algo urgente e necessário.

    Nossa assessoria acompanha de verdade;

    Não temos aqui no Nordeste III uma assessoria carregada de mágoas do espaço de PJB. Os/as assessores/as fazem um trabalho de acompanhamento muito bonito e que favorece o protagonismo juvenil, sem imposições, sem manipulações, sem autoritarismos e sem cobranças demasiadas.

    Nossa relação com os bispos;

    Não utilizamos do enfrentamento com os bispos do nosso regional, procuramos prestar contas das nossas atividades e mantemos uma relação de parceria e de diálogo com a CNBB Regional.

    As críticas entre as pastorais são feitas de forma direta e não nos corredores;

    Entendemos que somos diferentes e que divergimos em alguns pontos, por essa razão de forma muito franca e aberta falamos e discutimos com maturidade as nossas diferenças e as nossas críticas, promovendo espaços de diálogo e de desabafos.

    Temos sonhos comuns que são maiores que as nossas diferenças;

    Os nossos projetos comuns são para nós o que temos de mais precioso, acabamos de construir em unidade um Plano Político Pastoral e nele defendemos juntas algumas bandeiras de luta: Educação Popular, Trabalho, Direitos Humanos, Meio Ambiente, Acompanhamento e Projeto Pastoral. As nossas bandeiras são mais relevantes que qualquer outra coisa, é tão forte a nossa unidade na busca da realização destes sonhos que tenho certeza que nenhum decreto seria capaz de acabar com a nossa união.

    Nossos encontros não são paritários;

    Normalmente nos encontros a maior participação é da Pastoral da Juventude, pois a mesma está articulada em 20 das 24 dioceses do nosso regional, mesmo sendo maioria nas atividades nós utilizamos de uma metodologia que der visibilidade e leve em consideração a singularidade de cada pastoral.

    Formamos uma rede de solidariedade;

    Quando acontece em nosso regional uma atividade de uma específica as outras se colocam prontamente à disposição para contribuir em todo o processo da atividade, as três se unem para realizar a tarefa. Podemos citar como exemplo bem recente o Congresso Nacional da PJMP, o qual aconteceu na Diocese de Bom Jesus da Lapa, a PJ e a PJR estavam presentes e empenhadas na realização do evento. Em março na Assembléia Nacional da PJR, na cidade de Catu/BA também estaremos unidas para realização desta atividade.

    Compreendo que para vocês de outros regionais que vivem situações conflituosas no espaço de PJB e para nós que vivemos a XV Assembléia Nacional das Pastorais da Juventude do Brasil, pode parecer que eu estou relatando um sonho, mas tudo que acabei de partilhar é real, é a nossa vivência de conjunto que de forma muito bonita experimentamos.

    sexta-feira, 8 de abril de 2011



    Brasil, 7 de abril de 2011.

    Aos/às jovens e assessores/as das Pastorais da Juventude,

    “Sei que é preciso sonhar. (...)
    Quem não sonha o azul do vôo perde seu poder de pássaro. (...)
    É sonhar, mas cavalgando o sonho e inventando o chão
    para o sonho florescer". (Thiago de Mello – Sonho Somado)



    Olá juventude brasileira!

    Abril chegou! E como todos/as já sabemos, nossa Semana da Cidadania também!

    Desde 2009 as Pastorais da Juventude vem fazendo seminários de preparação das Atividades Permanentes (Semana da Cidadania, Semana do Estudante e Dia Nacional da Juventude) juntamente com a Rede Brasileira de Centros e Institutos de Juventude, que é parceira histórica na caminhada e com a coordenação da Campanha Contra a Violência e o Extermínio de Jovens, como grande bandeira de luta conjunta desde a 15° Assembleia Nacional das Pastorais de Juventude do Brasil, em 2008..

    No Seminário de preparação em 2010, os Centros Maristas de Juventude (CMJs) ficaram responsáveis em contribuir na elaboração do subsídio da Semana da Cidadania (SdC), com o acompanhamento das Pastorais da Juventude e da coordenação da Campanha Contra a Violência e o Extermínio de Jovens.

    O tempo passou e muito foi feito, porém alguns atrasos aconteceram, tendo em vista o grande volume de demandas e as atividades nacionais das Pastorais da Juventude, por isso somente agora no início de abril, o material da SdC está sendo finalizado. Além disto e diante das dificuldades financeiras, este ano não poderemos imprimir o material.

    Nossa querida Semana da Cidadania, cujo tema é “Juventude, terra viva” e o lema é “Da mãe terra: esperança e resistência” será disponibilizada online em nos sites das Pastorais da Juventude, assim como dos Centros e Institutos. Portanto, não fique aí parado/a! Divulgue o cartaz e este comunicado em sites, blogs, redes sociais e listas de e-mails. Nos próximos dias estaremos enviando pelos mesmos meios de comunicação o subsídio oficial e o material de apoio da SdC 2011.

    o CARTAZ está disponível nos sites das PJs

    Vamos agitar nossa comunidade, escola, paróquia, grupo, para que juntos possamos refletir sobre a vida de nossa juventude e, em comunhão com a Campanha da Fraternidade 2011, debater, refletir e rezar sobre a Terra, para que possamos mudar nossas atitudes e construir um amanhã melhor!

    Sigamos sempre em frente, pois a juventude e a Terra querem vida plena e em abundância!

    Na certeza do Cristo ressuscitado que caminha conosco,



    Pastoral da Juventude Rural

    Pastoral da Juventude do Meio Popular

    Pastoral da Juventude

    Pastoral da Juventude Estudantil



    Autor/Fonte: Pastorais da Juventude

    PALAVRA E SILÊNCIO


    Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

    O que dizer deste trágico e inesquecível dia 7 de abril carioca? O que dizer frente ao massacre de 12 crianças e adolescentes em plena sala de aula? O que dizer, na noite seguinte, diante dos muros revestidos de flores e velas da Escola Municipal de Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro? O que dizer de uma violência tão nua e crua, tão fria e meticulosamente calculada?

    As palavras emudecem. Emudece a escola Tasso de Oliveira, com suas paredes banhados de sangue inocente. Igualmente mudos ficam a Cidade Maravilhosa, o Brasil e o Mundo. Mudos e atordoados, estupefatos, quedamos todos nós! Palavras como perplexidade, terror, barbárie ficam aquém dos fatos brutais... Infinitamente aquém! Parece que só o silêncio respeitoso e reverente é capaz de dizer algo. No sangrento espetáculo de vidas tão precocemente ceifadas, as palavras parecem sobrar ou faltar. Serão sempre de mais ou de menos.

    Entretanto, não basta o silêncio! Ainda que as palavras sejam de menos, é preciso arriscar algumas, sob pena de cumplicidade ou omissão. Mas, de forma insistente, volta a pergunta: o que dizer?

    O que dizer no enterro doloroso dessas meninas e meninos, separados tão cedo e tão cruelmente de seus sonhos e projetos, de suas famílias e amigos? O que dizer sobre seus pequenos caixões que velam e revelam botões murchos antes de se abrirem? Orações? Flores? Lágrimas? Aplausos? Condolências? Que dizem tais gestos, olhares ou comportamentos? As perguntas são todas maiores que as respostas! Uma vez mais, impõe-se o silêncio como única forma de transmitir algo!

    O que dizer às famílias enlutadas, obrigadas a sepultar seus entes queridos no vigor de sua primavera? Expressões de conforto? Abraços de carinho? Mensagens de confiança? Presença de holofotes, câmeras e microfones? Notícias sensacionalistas? Espaço para desabafos na mídia? Mas a dor é mais forte e mais funda, muito mais forte e mais funda que tudo isso. E ainda neste caso o silêncio se sobrepõe às palavras indiscretas e ao pranto sufocado, engolido.

    O que dizer às crianças que sobreviveram? O que pode apagar nelas a imagem do horror vivido dentro e fora da escola? Como substituir o enorme vazio de suas colegas ausentes, ausentes para sempre? Como lhes garantir a volta às aulas com a serenidade de que necessita o processo de aprendizagem? Mesmo que lhes fechemos os olhos e os ouvidos, as balas, gritos e espirros de sangue ressoam em suas almas para sempre feridas! Há chagas que precisam de anos para cicatrizar. Invoquemos o silêncio e calemos as palavras!

    O que dizer sobre o ex-aluno da escola, Wellington Menezes de Oliveira? Nome inglês mesclado com sobrenome bem brasileiro. O que dizer desse jovem de apenas 23 anos, órfão e só, perdido e abandonado? O que dizer de sua existência solitária e subterrânea, fora do alcance de toda a análise? Poderia ser o irmão mais velho das crianças que alvejou de maneira tão friamente pensada. O que dizer de alguém que mata, fere e em seguida se mata? Aqui poderíamos enfileirar uma série de por quês: de ordem social, econômica, política, cultural, psicológica, psicopatológica... Também poderíamos recorrer à sua carta-testamento ou ao testemunho dos policiais. Mas tanto seus tiros letais quanto suas palavras escritas continuam um enigma para quem segue vivendo sobre a face da terra. O que sobra desses poucos minutos de horror? Um silêncio tão cerrado quanto a boca dos mortos!

    O que dizer, enfim, de uma sociedade que engendra ações desse gênero? Cenas que estávamos acostumados a presenciar pela telinha, vindas do outro lado do mundo ou mar: dos Estados Unidos, da Alemanha, ou da Inglaterra... Tampouco nos é estranha a morte e as chacinas de jovens e adolescentes. Ocorrem com infeliz frequência, não raro perpetradas por grupos paramilitares. São milhares de assassinatos por ano, uma verdadeira guerra civil. Desgraçadamente, nem o Rio nem numerosas outras cidades brasileiras está livre do extermínio premeditado de jovens.

    Desta vez, porém, a violência parece ter atingido um grau mais elevado. Ou descer aos porões sombrios infectos, inusitados e selvagens em que se escondem inúmeras crianças, adolescentes e jovens. Quantas vezes já estivemos reféns desses seres, agindo em grupo ou solitariamente! E quantos deles nunca conheceram um olhar mãe, um beijo molhado, um carinho de afeto, uma palavra de ternura, um leito suave, uma roupa nova ou uma comida quente!

    A brutalidade é grande demais para caber, inteira, na alma de um jovem. Wellington carrega muito mais anos de sofrimento do que sua tenra idade pode suportar. Sofrimento que se transfigura em agressão e, como um dique que se rompe, devasta tudo o que vê pela frente. Violência exacerbada à máxima potência, que atinge simultaneamente as vítimas, seus familiares, a sociedade e o próprio assassino. É aqui que a palavra emudece! Como emudeceu diante do holocausto da Segunda Guerra Mundial, por exemplo. As letras e palavras se tornam estreitas, acanhadas, impotentes. Incapazes de conter os sentimentos que varrem o coração de cada um de nós.

    Evangelização das Juventudes




    Um olhar de Medellín a Aparecida



    A Igreja possui uma enorme e plural experiência no que tange a Evangelização das Juventudes. Sistematizadas podemos citar ao longo da história alguns marcos, tais como a Ação Católica, Ação Católica Especializada, Movimentos Apostólicos, Pastorais da Juventude, Congregações e, mais recente, as Novas Comunidades. Além disso, a Catequese crismal é um importante e singular veio de Evangelização de adolescentes e jovens.

    A Igreja também tem uma série de Documentos sobre essa temática, além de dedicar nobres espaços nos documentos das Conferências do Episcopado Latino-Americano. A partir do Concílio Vaticano 2º, e mais precisamente desde as Conferências de Medellín a Aparecida, há uma discussão que urge ser dialogada com o contexto eclesial atual. No ano em que, como Diocese, tomamos nas mãos a prioridade da Evangelização da Juventude urge fazer memória desses Documentos. Ou sendo mais propositivo, urge ainda re-significar e re-contextualizar tais Documentos.



    O Concílio e Medellín



    O Concílio Vaticano 2º (1962-65) é um marco na história da Igreja. O Papa João XXIII afirmava que este era o momento da Igreja abrir suas janelas e deixar um ar novo entrar. Era recolocar a Igreja no seu tempo, firmando opções claras. Creio que ainda hoje, mais de 45 anos após o Concílio, não compreendemos e não assumimos a essência dessa profunda ruptura de paradigma.

    A Constituição Pastoral Gaudium Et Spes, afirma de modo contundente na sua primeira frase “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo”. Na ótica da juventude, podemos fazer a releitura de que as esperanças e as alegrias, as tristezas e as angústias dos jovens, são também as mesmas de Cristo e de sua Igreja.

    O Papa Paulo VI, no seu discurso de abertura da Conferência de Medellín (1968), afirma que a Juventude é um tema “digno do máximo interesse e de grandíssima atualidade”. A Igreja se reconhece no rosto da Juventude. “A Igreja vê na Juventude a constante renovação da vida da humanidade e descobre nela um sinal de si mesma: a Igreja é a verdadeira juventude no mundo” (Medellín, pg. 101).

    A luz das aberturas conciliares, Medellín afirma que a Juventude é um sinal de revitalização em meio de uma cultura velha e caduca. É necessário pensar a Pastoral da Juventude (entendida no sentido amplo do termo) dentro da Pastoral de Conjunto, com uma proposta pedagógica orgânica (Medellín, pg. 103).



    Puebla e Santo Domingo



    No ano de 1979, os bispos reunidos em Puebla afirmaram que a Igreja na América Latina faz uma opção preferencial clara pelos Pobres e pelos Jovens. Aprofundando as perspectivas pastorais de Medellín, Puebla proclama “queremos oferecer uma linha pastoral global: desenvolve, de acordo com a pastoral diferencial e orgânica, uma pastoral de juventude que leve em conta a realidade social dos jovens em nosso continente; atenda ao aprofundamento e crescimento da fé para a comunhão com Deus e os homens; oriente a opção vocacional dos jovens; lhes ofereça elementos para se converterem em fatores de transformação e lhes proporcione canais eficazes para a participação ativa na igreja e na transformação da sociedade” (Puebla, pg. 365).

    A Pastoral Orgânica de Juventude deve ser o espaço forte do Processo de Educação na Fé, levando os jovens a uma experiência contínua de Deus e com o compromisso do serviço aos/as irmãos/ãs. Puebla nos lembra ainda uma importante dimensão na Evangelização: “seja a pastoral juvenil uma pastoral da alegria e da esperança, que transmita a mensagem alegre da salvação a um mundo muitas vezes triste, oprimido e desesperançado, em busca de sua libertação” (Puebla, pg. 368).

    A Conferência de Santo Domingo, em 1992, reafirmou a opção preferencial pelos jovens proclamada em Puebla. Opção essa não apenas afetiva, mas efetiva. Isto é, “a efetiva opção pelos jovens exige maiores recursos pessoais e materiais por parte das paróquias e das dioceses” (SD, pg.77). Santo Domingo trás um diferencial importantíssimo na perspectiva da Evangelização das Juventudes; re-significar a catequese de crisma. “Será preciso dar especial importância ao sacramento da Confirmação, para que sua celebração leve os jovens ao compromisso apostólico e a ser evangelizador de outros jovens” (SD, pg. 77). Sem (re)pensarmos a catequese de crisma é fragmentado e ineficaz qualquer trabalho de Evangelização das Juventude.

    Em Santo Domingo fica evidente a importância pedagógica, metodológica e evangelizadora das Comunidades Juvenis ou Grupos de Jovens. O documento é claro. “Para responder à realidade cultural atual, a pastoral juvenil deverá apresentar, com força de um modo atraente e acessível à vida dos jovens, os ideias evangélicos. Deverá favorecer a criação e animação de grupos, comunidades juvenis vigorosas e evangélicas, que asseguram a continuidade e a perseverança dos processos educativos dos adolescentes e jovens, e os sensibilizem e comprometam a responder aos desafios da promoção humana, da solidariedade e da construção da civilização do amor” (SD, pg. 78).



    A Novidade de Aparecida



    A Conferência de Aparecida trás a tona um novo paradigma eclesial; a conversão pastoral. Precisamos rever urgentemente as estruturas eclesiais que ficaram velhas e esclerosadas. Passa-se com isso, de uma pastoral de manutenção para uma Igreja toda ministerial e missionária.

    Os bispos da América Latina e do Caribe reafirmaram a idéia de revitalização. “Renovar, em estreita união com as famílias, de maneira eficaz e realista, a opção preferencial pelos jovens, em continuidade com as Conferências Gerais anteriores, dando novo impulso à Pastoral da Juventude nas comunidades eclesiais (dioceses, paróquias, movimentos etc)” (Aparecida, pg. 200). Isto é, cabe fortalecer o que já existe de tradição na ação evangelizadora das juventudes, bem como, ampliar o diálogo entre as diversas experiências pedagógicas e espiritualidades de serviço às juventudes. “Estimular os Movimentos eclesiais que tem pedagogia orientada à evangelização de jovens e convidá-los a colocar mais generosamente suas riquezas carismáticas, educativas e missionárias a serviço das Igrejas locais” (Aparecida, pg. 200).

    A Conferência reafirma também o processo de educação na fé tendo como um espaço privilegiado a catequese de crisma e, subseqüentemente, os grupos de jovens. Esse processo deve ter seu foco na inserção eclesial e social, buscando construir novas relações evangélicas entre as pessoas.

    É preciso ser Igreja em estado permanente de missão e conversão. Isto significa ter coragem de abandonar estruturas caducas e colocar-se sob a inspiração do Espírito Santo. É ter a constante atitude profética de João XXIII de abrir as janelas e deixar o ar puro entrar, para renovar, re-significar e re-colocar a Igreja constantemente no seu tempo.

    Sérgio Hauth Júnior

    serginhohjr@bol.com.br



    Novo assessor do Setor Juventude da CNBB

    petoninhojuvenO novo assessor do Setor Juventude da CNBB é o padre salesiano Antônio Ramos do Prado (padre Toninho), que também teve seu nome aprovado no dia 24, durante o Conselho Permanente.


    Em carta, o bispo responsável pelo Setor Juventude, dom Eduardo Pinheiro e o assessor nacional, padre Carlos Sávio, apontaram que o trabalho aumentou nos últimos anos por isso surgiram várias demandas para acompanhar a Juventude no Brasil. “A demanda de trabalho cresceu assustadoramente nesses últimos anos. O próprio padre Gisley, de saudosa memória, já estava convencido da urgência de se ter mais um assessor no quadro nacional para o acompanhamento dos jovens”, diz um trecho da carta.

    Padre Toninho nasceu em 1962, em Piracicaba (SP). É salesiano desde 1990 e sacerdote há 13 anos. Atualmente responde pela Pastoral Juvenil na Província de São Paulo, pela assessoria estadual e nacional junto aos salesianos, pela assessoria regional no Cone Sul e por aulas ministradas na Filosofia e noviciado salesianos, bem como no curso de Extensão Universitária para Assessores de Pastoral do Centro Universitário Salesiano do Estado de São Paulo (Unisal).

    Desde 2006 é assessor da Pastoral da Juventude Estudantil (PJE), Regional Sul 1 (São Paulo). Em 2006 e 2007 participou ativamente da organização do encontro dos jovens com o papa no Pacaembu (SP). Tem prestado assessoria em cursos para religiosos do Brasil na área de Teologia Pastoral e das Culturas Juvenis. Colaborou com a organização e o processo de aprovação do Curso de Extensão em Pastoral Juvenil ministrado pela Católica de Brasília. Atualmente é membro da Comissão Colegiada de Assessores do Setor Juventude da CNBB.

    Devido aos diversos compromissos assumidos com a pastoral de sua Província, com os salesianos do Brasil e com o término de seu mestrado, padre Toninho continuará, ainda, por estes próximos meses, em São Paulo exercendo de lá tudo quanto corresponder a sua missão junto ao Setor Juventude da CNBB, ao lado de padre Carlos Sávio.

    sábado, 2 de abril de 2011

    Novo assessor arquidiocesano da Juventude

    Olá galera..

    Quero partilhar com todos que o Pe. João Luiz é o novo assessor arquidiocesano da Juventude. Faz algum tempo que acompanhava o Setor Sapucaí e agora se disponibilizou à acompanhar a arquidiocese.

    Nos ajudou muito nos cursos e DNJ's, na evangelização da Juventude no Setor. Vai ser muito bom tê-lo na Assessoria da Juventude,


    Um forte abraço a todos.

    Daniel Augusto