Para dia do encontro
PASTORAL DA JUVENTUDE
Arquidiocese de Pouso Alegre - MG
“Se a Juventude viesse a faltar,
o Rosto de Deus iria mudar”.
DNJ 2008 – JUVENTUDE E OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
“Queremos pautar as razões do nosso viver”!
O ano de 2008 é marcante para a Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Pouso Alegre, no sul de Minas Gerais, pois celebrará no dia 26 de Outubro mais um Dia Nacional da Juventude (DNJ). Este ano o DNJ quer dar continuidade aos ciclos de debate e celebrações da Campanha da Fraternidade e seguindo orientação do Documento 85 da CNBB, onde divulgaremos a Pastoral da Juventude nas paróquias e comunidades. Com o tema "Juventude e os meios de comunicação" e o lema “Queremos pautar as razões do nosso viver!”, o DNJ quer denunciar toda visão equivocada sobre juventude, colocando na pauta de discussões da mídia, da sociedade e da Igreja, sua verdadeira realidade e anunciando seus sonhos: justiça, vida digna, liberdade, paz...
Além da temática, o outro eixo do DNJ deste ano é a celebração nas bases, no âmbito paroquial, visando conhecer melhor a organização dos grupos, enfocando que a participação é aberta a todos/as os/as jovens que queiram participar deste momento de celebração da fé e da caminhada da PJ. O DNJ será o momento celebrativo destes anos de caminhada, de luta, vitórias e derrotas, alegrias e tristezas e acima de tudo muita fé no Cristo Ressuscitado e disposição na construção da Civilização do Amor.
Para melhor celebrar esta memória, a EDPJ (Equipe Diocesana da Pastoral da Juventude) elaborou um projeto com objetivo de “auxiliar nossos grupos de base em celebrar estes anos de caminhada da Pastoral da Juventude na Arquidiocese de Pouso Alegre para incentivar o protagonismo juvenil na construção de uma nova história”.
Enfim, a EDPJ, juntamente com os grupos de base e párocos, reunidos num único projeto de celebração das “Juventudes” existentes em nossa Arquidiocese, se tornam sementeiras para novos grupos, para que sejam espaços de permanência fecunda dos jovens na comunidade eclesial, alimentando com muita fé a longa caminhada que ainda temos a fazer rumo ao Reino do Pai.
Vamos lá, Juventude! Mãos à obra...
Equipe Diocesana da Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Pouso Alegre
DNJ PAROQUIAL
Orientações Gerais
Objetivo: Proporcionar aos grupos de jovens uma experiência de organização nas bases voltando-se às comunidades e divulgando os Grupos de Bases nas paróquias, além de denunciar toda visão equivocada sobre juventude, colocando na pauta de discussões da mídia, da sociedade e da Igreja, sua verdadeira realidade e anunciando seus sonhos: justiça, vida digna, liberdade, paz...
Justificativas:
- Eliminar o vazio existente de nossa juventude em nossas comunidades, incentivando os jovens em geral para a participação do Encontrão;
- Oferecer aos jovens um espaço de participação, que promova a sua integração no Grupo de base;
- Verificar o poder de organização de nossos “Grupos de base” no que se trata a um encontro de massa;
- Criar, junto à juventude paroquial, um espaço que atenda às suas necessidades pessoais de partilha, crescimento e amadurecimento.
Localização: Deve ser realizado em TODAS as paróquias da Arquidiocese de Pouso Alegre onde está articulada a Pastoral da Juventude e/ou outros movimentos juvenis.
Cronograma: Serão apresentadas quatro linhas de execução do DNJ Paroquial, sendo a primeira proposta de um Encontrão Celebrativo, com a duração de todo o dia; e as outras três, com o Encontrão da metade do dia; além de algumas sugestões para encenação (teatros ou jograis).
Metodologia: A idealização consiste na realização de um encontrão nas paróquias, reunindo jovens de toda a comunidade. Apresentam-se quatro propostas de execução para que o projeto se encaixe às diversas realidades de nossas comunidades paroquiais, sendo que a equipe de coordenação local ainda pode adaptá-lo se for o caso. Segue ainda uma metodologia que deve ser preparada com antecedência, com a participação dos jovens juntamente com o pároco.
O DNJ é o momento de reunir a juventude e celebrar a vida. Ele deve ser realizado com a participação de, no máximo, 70 jovens para que as dinâmicas sejam bem participativas (varia de acordo com a realidade e execução de cada paróquia). O Encontrão deve ser bem animado, com aplicação de dinâmicas que irão valorizar a integração e a formação de grupos, bem como a participação na comunidade.
Durante todo o evento é importante que haja um grupo de música ou um animador/violeiro que descontraia e anime o ambiente, fazendo pequenos intervalos. Também é importante intercalar os momentos de dinâmicas e reflexões com sorteio de brindes e brincadeiras animadas (conforme realidade paroquial), para que os jovens fiquem bem à vontade. Esse encontro durará o dia todo e por isso é muito importante cuidar para que ele não se torne cansativo. O local para realização deve ser adequado para as dinâmicas e as reflexões. Deve-se preparar lanche e almoço ou dar um intervalo para que se almoce em casa (neste caso corre-se o risco de os jovens não voltarem para a segunda parte devido ao cansaço).
Foram preparadas quatro propostas: uma para o dia todo e as outras, para metade do dia. As dinâmicas e palestras estão a seguir e podem ser substituídas por outras que levem a mesma reflexão.
Responsabilidade: Este projeto foi pensado para ser realizado em parceria entre a Pastoral da Juventude e párocos. Para isso, deve-se formar uma equipe de coordenação local do projeto. Sabendo que nem sempre encontramos jovens dispostos ao trabalho nas comunidades, sugere-se que, neste caso, a Pastoral da Juventude se organize e execute o projeto. Contudo, seria de grande importância a participação de alguns jovens, mesmo que estes não sejam militantes da Pastoral da Juventude.
Recursos: Quanto ao espaço físico, deve ser realizado num local espaçoso e arejado. Os materiais e símbolos que estão descritos devem ser preparados com antecedência e distribuídos entre os membros da equipe de coordenação do projeto. Esta também deve se organizar financeiramente, caso for necessário.
Avaliação: Propomos uma avaliação por escrito, que deve ser recolhida e depois analisada pela coordenação local. A análise desses dados norteará os trabalhos futuros com os jovens da paróquia. Pede-se ainda que seja enviada a EDPJ – Equipe Diocesana da Pastoral da Juventude uma avaliação geral deste trabalho, para que tenha um controle de sua realização e também para que se façam novas revisões que forem necessárias.
PROGRAMAÇÃO DO DNJ PAROQUIAL
Encontrão Único
Horário: Eventos:
8h Recepção/Acolhida/Animação/Café
8h30 Oração Inicial/Dinâmica: “Velas”
9h00 Dinâmica de Integração “Terremoto”
10h Temática: “Visão equivocada sobre juventude, colocando na pauta de discussões da mídia”
10h30 Dinâmica: “Autoconfiança”
11h30 Animação/Música
12h Almoço
13h30 Retorno/Animação/Dinâmica: “Autógrafos”
14h30 Animação/Apresentações Culturais (teatro, dança, expressões...)
15h30 Temática: “Juventude paroquial, um espaço de relações pessoais de partilha, crescimento e amadurecimento na fé”.
16h30 Santa Missa/Envio
Encontrões de Meio Turno
Encontrão 1
Horário: Eventos:
8h Recepção/Acolhida/Animação/Café
8h30 Oração Inicial/Dinâmica: “Velas”
9h Dinâmica de Integração “Terremoto”
10h Temática: “Visão equivocada sobre juventude, colocando na pauta de discussões da mídia”
11h30 Santa Missa/Envio/Dinâmica da Sementes
Encontrão 2
Horário: Eventos:
8h Recepção/Acolhida/Animação/Café
8h30 Oração Inicial/Dinâmica: “Salmo da Vida”
9h15 Dinâmica: “Autógrafos”
10h15 Dinâmica do Nó
11h Temática: “Visão equivocada sobre juventude, colocando na pauta de discussões da mídia”
11h45 Santa Missa/Envio
Encontrão 3
Horário: Eventos:
13h30 Recepção/Acolhida/Animação
13h50 Acolhida do Padre
14h Oração Inicial
14h20 Temática: “Visão equivocada sobre juventude, colocando na pauta de discussões da mídia”
15h30 Intervalo/Café
16h Animação
16h20 Apresentação Teatral
17h35 Apresentação de Fotos
17h45 Santa Missa/Envio
Fonte: Subsídio Crisma/PJ,
Equipes Diocesanas da Catequese e da Pastoral da Juventude, Diocese de Campanha – MG
ENCONTRÃO
1. Recepção/Acolhida/Animação
A equipe responsável deve providenciar pessoas que possam animar, cantar e tocar instrumentos. Preparar folha de cantos com músicas animadas.
2. Oração Inicial – Dinâmica: “Velas”
(Iniciar invocando a Santíssima Trindade)
Objetivo: Perceber a atitude das pessoas diante da Palavra de Deus.
Material: Duas velas, caixa de fósforos, uma Bíblia e uma vela para cada grupo de partilha.
Desenvolvimento: O animador combina antes com três pessoas acerca de sua colaboração na dinâmica. O 1º deverá pegar uma vela, olhar para ela e depois quebra-la em pedaços. O 2º deverá, acende-la e depois apaga-la. O 3º deverá pegar a vela, olhar para ela, acende-la e deixa-la acesa.
O grupo senta-se em forma de circulo e, um a um, os três colaboradores vão encenar o que lhes foi pedido.
Diante da atitude de cada um, os participantes partilharão em grupos (com o máximo de 10 pessoas) um pouco sobre a nossa atitude diante da palavra de Deus.
Observação: Na hora da partilha, colocar a Bíblia no meio do circulo com um vela acesa. A partilha pode ser feita em 15 minutos e deve-se ter um monitor em cada grupo de partilha. A reflexão sobre a dinâmica da oração inicial deve ser concluída no grupo de partilha.
3. Oração Inicial – Dinâmica: “Salmo da Vida”
Objetivos: Rezar a partir da historia pessoa. Fazer da autobiografia um fator de integração.
Material: Caneta, papel sulfite, equipamento para música de fundo instrumental.
Desenvolvimento: Preparar o ambiente com antecedência. Iniciar invocando a Santíssima Trindade. Seguem-se, então, os seguintes passos:
• Orientar o grupo para que escreva a historia de sua vida, destacando os acontecimentos mais marcantes. Alertar o grupo para o fato de que uma experiência de dor, sofrimento, por exemplo, deve ser vista como acontecimento forte e não simples fato negativo.
• Num segundo momento, as pessoas devem perguntar-se qual foi a experiência de Deus que fizeram a partir desses acontecimentos e/ou no decorrer da vida.
• Depois deve escrever o Salmo da vida, uma oração de louvor, agradecimento, pedindo perdão ou clamor, um mesmo salmo também pode conter as várias coisas.
• Garantir espaço para que cada um possa desenvolver seu trabalho em silencio. Colocar um fundo musical para favorecer a concentração e o ambiente de oração. Depois de dar um sinal para que cada pessoa partilhe com outra, no máximo m três pessoas.
• Para concluir, reúne-se o grupo de partilha e quem quiser pode partilhar sua orção.
• Finalmente, avalia-se a experiência.
(Algumas questões podem ser abordadas: Como você se sentiu? O que mais lhe chamou atenção? O que significou para você esta experiência? Como você lidou com os acontecimentos tristes ou dolorosos? Como tem sido sua experiência de Deus?)
4.Dinâmica de Integração: “Terremoto”
Participantes: Devem ser múltiplos de três e sobrar um. Ex: 22 (7x3 = 21, sobra um).
Tempo Estimado: 40 minutos.
Material: Para essa dinâmica só é necessário um espaço livre para que as pessoas possam se movimentar
Descrição: Dividir em grupos de três pessoas lembre-se que deverá sobrar um. Cada grupo terá 2 paredes e 1 morador. As paredes deverão ficar de frente uma para a outra e dar as mãos (como no túnel da quadrilha da Festa Junina), o morador deverá ficar entre as duas paredes. A pessoa que sobrar deverá gritar uma das três opções abaixo:
MORADOR!!! - Todos os moradores trocam de "paredes", devem sair de uma "casa" e ir para a outra. As paredes devem ficar no mesmo lugar e a pessoa do meio deve tentar entrar em alguma "casa", fazendo sobrar outra pessoa.
PAREDE!!! - Dessa vez só as paredes trocam de lugar, os moradores ficam parados. Obs: As paredes devem trocar os pares. Assim como no anterior, a pessoa do meio tenta tomar o lugar de alguém.
TERREMOTO!!! - Todos trocam de lugar, quem era parede pode virar morador e vice-versa. Obs: NUNCA dois moradores poderão ocupar a mesma casa, assim como uma casa também não pode ficar sem morador. Repetir isso até cansar...
Conclusão: A cada nova formação, as Três pessoas que estiverem juntas deverão se apresentar respondendo às seguintes questões: Qual o nome? Onde mora? Estuda? Trabalha? Uma alegria? Que gosta de fazer? Um sonho? Sugestão: Quanto menor o espaço melhor fica a dinâmica, já que isso propicia várias trombadas. É muito divertido!!!
(Para a partilha nos trios, o animador de vê deixar um minuto e meio. Para isto, precisa alertar os participantes que devem ser bem rápidos para responder as questões; não podemos esquecer que sempre deverá sobrar uma pessoa que será animadora do momento seguinte, e que poderá gritar qualquer palavra (paredes, moradores, terremoto) com total liberdade; cada vez que mudarmos de posições, sobrando uma pessoa esta se apresenta para TODOS, dizendo o seu nome, onde mora, se estuda, o que gosta de fazer etc)
5.Temática: “Visão equivocada sobre juventude, colocando na pauta de discussões da mídia”
Juventude e mídia:
Rosa Maria Bueno Fischer
Trato neste trabalho dos conceitos de resistência e de dispositivo em Foucault, a partir dos quais tenho trabalhado com a noção de “dispositivo pedagógico da mídia”, em pesquisas sobre mídia e educação, desde 1998. Tal noção é aqui discutida em relação a um objeto específico – a juventude – e incorpora a contribuição de outros autores, fundamentais para a compreensão de sintomas da cultura contemporânea, como Arendt, Bauman, Zizek, entre outros, sem perder de vista autores diretamente envolvidos com o estudo das práticas comunicacionais, como Beatriz Sarlo e John Downing.
Privilegiarei aqui Foucault, Arendt e Downing. A partir de Foucault, temos definido (Fischer, 2000; 2002; 2004) o “dispositivo pedagógico da mídia” como um aparato discursivo e ao mesmo tempo não-discursivo2, a partir do qual haveria uma incitação ao discurso sobre “si mesmo”, à revelação permanente de si; tais práticas vêm acompanhadas de uma produção
e veiculação de saberes sobre os próprios sujeitos e seus modos confessados e aprendidos de ser e estar na cultura. A proliferação de reality shows seria o exemplo mais evidente, mas julgamos importante ir além e verificar as múltiplas formas de produzirmos insistentemente variados materiais em que predomina um modo pedagógico de condução das vidas individuais e grupais.
Para Foucault, não se trata sempre de relações de poder, de aprisionamento dos sujeitos, de controle, de disciplinamento e vigilância dos corpos Ele nos mostrou que, simultaneamente ao reforço de controles, há a produção de resistências, em acordo com estratégias de poder e saber, que podem ser descritas em análises sobre modos de publicização da vida privada e de pedagogização midiática.
Defendo aqui, como fundamental para apoiar estudos de recepção, a afirmação foucaultiana de que onde há poder, há resistência e de que só se exerce poder sobre homens livres (Foucault, 1995). Mais do que isso: trago para a discussão os últimos trabalhos de Foucault, especialmente o curso A hermenêutica do sujeito, em que o pensador se ocupa de uma clara questão do presente, no caso, relacionada não só ao “culto californiano do eu” dos anos 70 nos Estados Unidos, mas aos inúmeros modos pelos quais, naquele tempo e hoje ainda, nos tornamos sujeitos de discursos verdadeiros e os fazemos “nossos” (Foucault, 2004).
No Curso a que me refiro, Foucault utilizou como materiais empíricos os textos de filósofos gregos e romanos clássicos, e neles fez cuidadosa imersão. Seu propósito era produzir novas questões sobre o sujeito. Sua pergunta era: afinal, tratava-se, naqueles pensadores antigos, de sujeição ou de subjetivação? Conhecimento de si ou cuidado de si? Tratava-se de relações consigo para sempre normalizadoras, porque regradas, ou então relações passíveis de uma ética e uma estética da existência, para além das normas e regras?
Penso que o trabalho com grupos de recepção teria um potencial extremamente rico de problematização desses conceitos.
Para Foucault, o sujeito está sempre submetido a relações de controle, ao mesmo tempo que imerso em inúmeras práticas, em que é “chamado” a olhar para si mesmo, a conhecer-se, a construir verdades sobre si mesmo. Porém, é exatamente essa mesma complexidade no modo de entender o sujeito que indica possibilidades de ultrapassar o controle e a dependência (estes jamais são absolutos), porque voltar-se para si mesmo pode constituir-se uma linha de fuga (Deleuze, 1999), um “modo artista” de ser, em que a luta maior é justamente a luta contra “todas as formas de sujeição – contra a submissão da subjetividade” (Foucault, 1995, p. 236). Esse é o ponto principal que desejo discutir, cotejando-o com as considerações feitas por John Downing (2002) a respeito da mídia radical alternativa e das audiências ativas.
Os resultados da pesquisa “Mídia, juventude e reinvenção do espaço público” permitiram estabelecer um diálogo com a proposta de Downing. Embora em nosso estudo tenhamos trabalhado com materiais da mídia convencional (Rede Globo e MTV), e não com audiovisuais produzidos em correlação direta com movimentos sociais, entendemos que os processos de discussão empreendidos com os estudantes de Ensino Médio e os universitários talvez possam ser incluídos dentro do amplo conceito de “audiência ativa”, correlação com os conceitos de resistência e de processos de subjetivação, em Foucault.
Segundo Arlindo Machado, na apresentação à edição brasileira do livro de Downing, muitos estudos em comunicação acabam por “midificar-se”, isto é, acabam por submeter-se à lógica das mídias dominantes, na medida em que são elas que pautam nossas escolhas analíticas, nossos estudos de recepção, afastando-se dos pequenos mas significativos eventos comunicacionais, situados para além de índices de Ibope, para além de retóricas sem saída ou ainda para além de propostas de transformação absolutamente impraticáveis (Machado, 2002, p. 9-15).
Ora, concordo que Downing preenche, de fato, uma lacuna importante nos estudos de comunicação, ao contemplar práticas de expressão política mínimas, singulares, associadas à criação midiática. Trata-se de práticas que se espalham por todo o mundo, também num país como o Brasil, em que a produção de vídeos, fotografias, livros, filmes, panfletos, materiais gráficos de todos os tipos não se separam de um ativismo político específico. A respeito disso, poderiam ser citados vários exemplos, com uma característica comum: a expressão pública e artística de grupos em situação de desvantagem econômica e social.
Downing sugere pensarmos a mídia radical como aquela que aponta para um tipo de efervescência, de base individual, ou de base grupal e socialmente mais ampla, cujos efeitos talvez possam adquirir visibilidade muito tempo depois do gesto original. O importante é considerar que tal efervescência se relaciona a propósitos de oposição aos poderes hegemônicos de um dado tempo, a partir da criação de meios de expressão pelos quais se busca construir uma rede de relações solidárias. Assim, torna-se imprescindível levar em conta, sempre, o contexto histórico e as conseqüências de um tipo de produção midiática, para configurá-la ou não como “mídia radical alternativa”.
Para o objetivo deste texto, interessa o fato de que Downing não esquece a relação entre mídias radicais e modos de receber e utilizar produtos midiáticos – como já nos têm mostrado vários estudiosos, como Raymond Williams, Hall, Canclini, Martín-Barbero.
Ou seja, a opção por privilegiar criações da mídia radical alternativa – claramente definida em primeiro lugar como aquela que se opõe à mídia convencional, de grande alcance, sobretudo empresarial e comercial – não desconsidera o trabalho das audiências, que Downing chama de audiências ativas.
Destacamos o fato de o autor sugerir que a atenção se volte radicalmente para os fluxos de comunicação que ocorrem com os efetivos usuários das mídias – sejam estas mídias hegemônicas ou alternativas. Downing critica os estudos de recepção por se ocuparem do momentâneo, daquilo que hoje um determinado grupo vê na mídia convencional. O autor ressalta a efervescência dos movimentos sociais e das próprias audiências, no intuito de enfatizar determinados aspectos da mídia radical que, segundo ele, colocaria os clássicos “receptores” na posição agora de produtores, expostos por sua vez, também eles, a uma multiplicidade de audiências.
Mas voltemos ao conceito de resistência, nas duas “versões”: de Downing e Foucault, que tento aqui aproximar. Downing trata do tema da resistência apoiando-se no antropólogo James Scott, cujos estudos ressaltam mínimas práticas “infrapolíticas” de grupos subalternos, através das quais estes expressam todo o tipo de crítica e oposição à ordem dominante: por exemplo, nas anedotas, mexericos, canções, narrativas folclóricas, redes de conversa, etc.
Trata-se de fragmentos de resistência que, segundo Downing, teriam na mídia radical – associada à organização de determinados grupos, por etnia, raça, opção sexual, gênero, faixa etária – uma possibilidade de formalização (idem, p. 53).
Defendo, baseada na última pesquisa sobre juventude e mídia, que podemos operar com os grupos de recepção de modo a configurar esse trabalho como um modo de escuta a respeito da produção e reprodução de imaginários e, ao mesmo tempo, como um modo de expressão de singularidades e de formas micropolíticas de resistência e de possibilidades de simbolização como expressão política de indivíduos e grupos6. Para tanto, apresento, a seguir, um quadro de como tenho orientado a organização e a análise dos dados levantados – no caso, os materiais empíricos relativos a um conjunto de programas de televisão e a uma série de debates gravados com seis grupos de jovens. Nele, procuramos articular três grandes grupos de categorias: (a) categorias relativas a “técnicas de si”, a modos de produção de subjetividades jovens na cultura; (b) categorias relativas a modos de ser da linguagem televisiva endereçada a esse público e (c) categorias relativas a “linhas de fuga”, a possibilidades de expressão de singularidades, resistências aos discursos hegemônicos, nos grupos de recepção.
Como se verá, os três grupos de categorias tratam, cada um dentro de sua especificidade, da temática principal que orienta a pesquisa, qual seja, a das novas configurações das esferas pública e privada, no espaço midiático, em relação a um público específico, o público jovem.
Utilizando em diferentes momentos o cruzamento entre esse conjunto de tópicos, a pesquisa permitiu ampliar a discussão sobre “tecnologias do eu” (Foucault), relações de poder na cultura e práticas jovens, articulada a um estudo sobre a linguagem técnica dos produtos audiovisuais, no caso, materiais televisivos destinados a esse público. Em termos metodológicos, o que buscamos foi construir um modo de levantamento de dados que mantivesse como perspectiva as articulações acima referidas (entre tecnologias do eu, televisibilidade, ação dos grupos). Ou seja, em todas as diferentes etapas da pesquisa, o esforço consistiu em voltar sempre ao esquema das categorias, sem que isso significasse um aprisionamento. Pelo contrário, os dados levantados seguidamente exigiram reelaborações do quadro, que no final da pesquisa recebeu a configuração aqui apresentada.
Assim é que, na análise do discurso dos programas de TV e dos “textos” produzidos pelos jovens, em situação de recepção (ou de audiências ativas?), tivemos a confirmação de que vidas privadas e intimidades têm invadido o cenário público da mídia não exatamente para que haja uma interação com os espectadores, ou para introduzir uma nova discussão em relação aos modos de existência do público e do privado em nossa sociedade, mas para no máximo, como assinala Bauman (2002), fortalecer o privado em sua privacidade (idem, p.
231). Também, nos debates com os estudantes, foi possível desenvolver discussões que confirmam um aprendizado diário, vivido por eles, de um certo estado de “perdição”, de vazio, de confusão generalizada, em relação ao que entendem e experimentam como vida pública e vida privada.
Para exemplificar: telespectadores “assentados” ou audiências
ativas?
Os jovens apontam em seus depoimentos para o desejo de narrar e de ser narrado, e que eles encontram em filmes, especialmente os exibidos na televisão, ou em telenovelas e seriados.
Ora, essa necessidade humana fundamental de criar, de ultrapassar a própria contingência a partir da arte, da ficção literária, é experimentada por eles a partir do que vêem no cinema basicamente hollywoodiano e nas produções das grandes redes de televisão brasileiras, alguns deles nas home pages da Internet. Mas é também experimentada também nas próprias sessões de discussão. A proposta de discutir temas sobre as diferenças, discriminações e exclusões, por exemplo, a partir de exibições de peças televisivas, ultrapassou a simples referência e retorno aos programas de TV, para ampliar-se num trabalho de volta a si mesmo, talvez de “cuidado consigo”, de que trata Foucault (2004), e que permitiria a grupos jovens uma inserção como audiências efetivamente ativas.
De um lado, as análises dos programas e os debates com os jovens e análise de materiais televisivos mostraram o quanto grande parte da produção da mídia funciona como uma espécie de “cobertura plena” dos vazios, daquilo que poderia ser simbolizado (no sentido psicanalítico de Lacan), na medida em que jornais, TV, revistas vão conferindo incansavelmente sentidos para acontecimentos, objetos, grupos sociais, pessoas, sentimentos, atos políticos, desejos, em todas as dimensões da vida. Nos debates, os jovens muitas vezes afirmaram como seus, como verdades suas, os ditos que circulam na mídia – sobre política (política é o mesmo que corrupção, por exemplo), sobre intimidade sexual e amorosa, sobre a própria mídia, sobre necessidades de consumo e assim por diante. De outro lado, ocorreu também que esses mesmos debates se ofereceram como espaço de expressão daquilo que escapa, daquilo que não é plenamente capturado pela mídia; ou seja, aconteceu nos encontros a escuta e a manifestação das tantas perplexidades de meninos e meninas que, ao discutirem a TV com seus pares, formularam aqui e ali interrogações, deparando-se com suas próprias contradições e dúvidas, diante aquilo que haviam, naquele mesmo tempo e espaço, formulado como verdades inabaláveis – como veremos mais adiante.
O sentimento de confusão e medo diante de um mundo violento, da perspectiva ou da própria realidade do desemprego, de vazio de referências, para além das efêmeras referências de figuras do espetáculo midiático, manifestado pelos jovens que participaram da pesquisa, aliado a uma certa imobilidade diante das distâncias entre ricos e pobres, negros e brancos, heterossexuais e homossexuais, por exemplo, estavam presentes a cada encontro. Os relatos em grupo sobre a vida de cada um, o que fazem nas horas livres, que vídeos escolhem, que filmes vêem, que tempo dedicam a ler, a ouvir música, a dançar e namorar, a que “tribos” pertencem, enfim, apareceram muitas vezes vinculados a questões cruciais como a do sonho de liberdade e, por oposição, a da certeza de que todos nós (especialmente eles) somos sempre fortemente controlados no social. Finalmente, e não com menor importância, apareceram nos debates as grandes dificuldades vividas quanto às suas experiências com os “outros”, os “diferentes”: os grupos em geral mostravam estar abertos a compreender, a respeitar, no limite, a tolerar as diferenças de opção sexual, etnia, condição econômica, pertinência a esta ou àquela “tribo”, mas expressavam plenamente as próprias contradições, os medos, num movimento oscilante entre a abertura a novos modos de ver o mundo e a repetição das lições, em geral conservadoras, aprendidas na mídia e nos demais âmbitos da vida social.
Em todos os debates, foi possível observar que a TV se oferece aos adolescentes e jovens como agenda efetiva para múltiplas identificações, modos de pertencimento social e como forma de participação em relação a algo que é público. Um programa como Big Brother Brasil, por exemplo, diz a eles que ali “tinha juventude, o cotidiano de uma vida”. O que eles têm vergonha de perguntar aos pais oferece-se como presente nas revistas femininas ou numa soap opera teen como Malhação. Os exemplos são inúmeros. E nos levam, cada um deles, a pensar naqueles encontros como a expressão de fragmentos de resistência, micro-política de olhar para si mesmo, para as próprias vidas, no mínimo pelo fato de que, conforme nos ensina Hannah Arendt (2000), o que é próprio da ação humana tem a ver com nascimento, vida nova, expressão de singularidade em espaços públicos, em contraposição à ausência de pensamento, aprisionamento ao clichê (Arendt, 2003).
Falar sobre a TV em nosso cotidiano conduz os jovens a pensarem sobre a solidão e a sensação de segurança, comentando, por exemplo, a prática diária e simplória de comer e assistir à TV. Tais observações vêm diretamente associadas ao mundo perigoso da rua, onde o que há para fazer é “cheirar, fumar, se prostituir”.
Cinema, teatro, filmes em vídeo, essas são opções que existem apenas para os que “têm dinheiro”, e não é o caso de grande parte dos alunos das escolas públicas. O que os tira da TV é a escola e também alguns grupos, de pagode, de dança, do CTG (Centro de Tradições Gaúchas), assim como algumas atividades esportivas, como jogos de futebol.
Se a TV é presença constante na vida de todos os grupos estudados, é, simultaneamente, objeto permanente de críticas. Alguns estudantes referem que na televisão “não tem nada de útil praticamente”. A crítica à TV curiosamente seguiu-se a uma referência a Matrix e à importância do filme como narrativa que “faz pensar no mundo que a gente vive hoje [que] tem alguém, alguma coisa que está nos instituindo regras, que tá fazendo a gente viver de um certo jeito”.De uma maneira geral, pode-se dizer que o próprio tema dos meios de comunicação é mobilizador da crítica aos processos nomeados pelos jovens como “manipulação”.
Os jovens oscilam entre o reconhecimento de que programas como Malhação, por exemplo, atraem porque “mostram a sociedade”, e ao mesmo tempo provocam alguma rejeição, na medida em que lá é o reino da artificialidade e da mesmice: “a história é sempre a mesma”. Ou seja, tanto esse modo de construir uma narrativa de ficção, em torno de temas que se repetem, mereceu a crítica dos estudantes, como o fato de na TV um modo de acontecer a repetição é também o recurso a classificar, a apontar tipos de pessoas ou de modos de ser, desejáveis na sociedade.
Os debates levaram os grupos a pensar sobre a TV como um espaço em que se mostra a perfeição, coisas que temos “sempre que alcançar, parece que a nossa vida nunca tá perfeita, porque eles são os perfeitos” [...]. Nos debates, a TV e seus reality shows reforçam ad nauseam a idéia de que estamos todos num jogo, quem for mais esperto vai ganhar, que “para se dar bem, vai pisar em cima dos outros pra subir”.
A discussão sobre as várias classificações do outro (e de sua conseqüente exclusão) mobilizou os vários grupos pesquisados, cujos participantes demonstraram uma espécie de prazer sádico nessa experiência de negar o diferente – prática possivelmente relacionada com a própria não aceitação do que cada um rejeita em si mesmo; mas uma prática seguramente violenta e muito de perto relacionada às divisões sociais mais amplas, pelas quais nossa sociedade considera alguns como cidadãos, outros como subcidadãos.
Num dos grupos, os jovens chegaram a discutir o tema da humilhação, da diminuição do outro, associando o debate sobre todas as formas de racismo, discriminação, exclusão social mais ampla (de negros e pobres, por exemplo) com o debate sobre as microexclusões cotidianas que eles vivenciam, daquele que é gordo, tem espinha no rosto, foi ou é repetente, os chamados “burros” e fracassados, os magrelas, os homossexuais, os pobres, os marginais, etc.
Em todos os encontros, a complexidade das manifestações dos estudantes. Nelas, parece emergir uma certa perplexidade, produzida em parte pela própria prática do debate sobre produtos da TV, lugar em que encontram sugestões de modos de existência hegemônicos e
fortes, mas que parecem não resistir à radicalidade da expressão de si mesmo e da produção de narrativas próprias.
Conclusão: indagações ainda
A leitura de John Downing provocou-me pensamento: afinal, como escapar às oposições entre mídia convencional e mídia alternativa? Como pensar as audiências que já sabíamos não passivas, mas que teriam talvez hoje um novo papel na condição de audiências ativas? Como pensar além do papel já conhecido de receptores críticos, para algo talvez mais sofisticado e politicamente mais denso e criativo – que os debates com os grupos de jovens, como apresentado neste trabalho, parecem sugerir? Imagino que está para ser feita uma problematização mais intensa e profícua a respeito do conceito de resistência em Foucault e a expressão de singularidades, a oferta de espaços sociais – como o propiciado pelo trabalho com grupos de recepção e aqui sinteticamente relatado –, em que tenhamos a possibilidade de criar, quem sabe, algum tipo de micro-movimento social, marcado pela palavra, pela simbolização criativa em relação às experiências com as diferentes mídias.
6. Dinâmica: “Autoconfiança”
Objetivo: Avaliar a autoconfiança e a sensibilidade dos diversos sentidos.
Desenvolvimento: Seguem-se os seguintes passos:
• Formam-se duplas com todo o grupo.
• Em cada dupla, uma pessoa fecha os olhos e a outra a conduz para dar um passeio fazendo-a tomar contato com a realidade e objetos que a cercam, sem serem vistos. Se possível, passar por situações diversas, como escada, gramado, no meio de cadeiras, tocar em objetos, flores com cheiro...
• Depois de 5 a 7 minutos, invertem-se os papéis.
• No final, avaliam-se a experiência, descobertas e sentimentos.
• Questões que podem ajudar: Como se sentiu? Por quê? Como foi conduzido? Foi capaz de identificar algo? Que importância deu aos diversos sentidos? Quando caminhamos no dia-a-dia deixamos nos tocar pela realidade que nos cerca? Como reagimos diante de situações diversas como, por exemplo, diante de um policial, de um grupo de meninos de rua, num ambiente escuro, quando acaba a energia etc.? O que achou da dinâmica?
• Partilha: É importante refletir sobre a percepção individual e as relações de ajuda mútua.
(Caso o número de participantes for impar, os monitores devem participar da dinâmica. Os monitores que não precisarem vivenciar a técnica devem observar o seu desenvolvimento, pois assim irá perceber comportamentos, reações e situações que o ajudarão no momento da partilha. Toda a partilha, bem como sua conclusão, deve ser feita no grupo de partilha)
7. Dinâmica: “Autógrafos”
Objetivo: É evidente que esse conteúdo não deve ser explicado pelo monitor e sim ser produto de ampla e muitas vezes longa discussão, após a aplicação da técnica. Seu fundamento moral vale-se do choque que provoca ao se verem seus integrantes plenamente mergulhados em uma competição egocêntrica que se opõe a um sentimento de solidariedade. Ao terminar a aplicação da técnica, os participantes percebem que intuitivamente entraram em choque competitivo, rejeitando um sentimento de solidariedade que afinal, é a mensagem mais forte de todo propósito de sensibilização.
Material: Papel, lápis ou caneta.
Como Fazer:
1. O monitor distribui a cada participante uma folha de papel em branco e pede ao mesmo que anote, ao alto, seu nome ou apelido qualquer que aceita com naturalidade.
2. Solicita a seguir que tracem um retângulo ao redor do nome.
3. Avisar aos participantes que terão dois minutos para cumprir a tarefa de colher autógrafos, pedindo que os demais assinem seus nomes de forma legível em sua folha.
4. Avisar também que, esgotado o tempo, todos deverão ter suas folhas em mãos.
5. Iniciar a atividade e marcar o tempo. Nesse momento é natural a formação de verdadeira balbúrdia, com todos os membros buscando rapidamente obter o maior número possível de autógrafos, ainda que tal ordem não tenha sido passada nem o monitor tenha colocado qualquer proposta de prêmio ou vitória por essa conquista.
6. Passados os dois minutos, o monitor interrompe a atividade e solicita que todos os participantes confiram o número de autógrafos legíveis obtidos.
7. Perguntar a cada um deles o número obtido e informar à classe ou ao grupo os três primeiros resultados.
Avaliação:
Iniciar a discussão da técnica, indagando inicialmente se haveria algum valor em atribuir-se qualquer destaque novo a prova de solidariedade aos participantes que mais autógrafos tivessem obtido. Receberá, quase que unânime, a resposta negativa. Indaga, então, se alguma forma a técnica se prestaria para identificar alguma solidariedade, pois não é difícil muitos perceberem que há muito egocentrismo na obtenção do autógrafo, mas não em sua doação. Embora todos se mostrassem ávidos em obter autógrafos, tiveram que também oferecer o seu, como alternativa para o recebimento. Não demorará muito e o grupo será levado a perceber que a mensagem da técnica é ensinar que toda conquista pressupõe doação, e que sem a ajuda de nossa espontaneidade pouco pode ser obtido.
8 - Dinâmica do Nó
Como Fazer:
1 - Os participantes de pé, formam um círculo e dão as mãos. Pedir para que não se esqueçam quem está a seu lado esquerdo e direito.
2 - Após esta observação, o grupo deverá caminhar livremente. A um sinal do animador o grupo deve para de caminhar e cada um deve permanecer no lugar exato que está.
3 - Então cada participante deverá dar a mão a pessoa que estava a seu lado (sem sair do lugar, ou seja, de onde estiver ) mão direita para quem segurava a mão direita e mão esquerda para quem segurava a mão esquerda. (como no início)
4 - Com certeza, ficará um pouco difícil devido a distância entre aqueles que estavam próximos no início, mas o animador tem que motivar para que ninguém mude ou saia do lugar ou troque o companheiro com o qual estava de mãos dadas.
5 - Assim que todos estiverem ligados aos mesmos companheiros, o animador pede que voltem para a posição natural, porém sem soltarem as mãos e em silêncio.
6 - O grupo deverá desamarrar o nó feito e voltar ao círculo inicial, movimentando-se silenciosamente.
7 - Se após algum tempo não conseguirem voltar a posição inicial, o animador libera a comunicação.
Avaliação:
Partilhar a experiência vivenciada e destacar as dificuldades.
Observação:
Sempre é possível desatar o nó completamente, mas quanto maior for o grupo, mais difícil fica. Sugerimos que se o grupo passar de 30, os demais ficam apenas participando de fora.
9. Temática: “Juventude paroquial, um espaço de relações pessoais de partilha, crescimento e amadurecimento na fé”.
Adelar Carlos Dalsoto2
O Brasil tem 48 milhões de habitantes entre 15 e 29 anos, dos quais 34 milhões têm entre 15 e 24 anos. É sobre estes que queremos refletir um pouco.
A modernidade atingiu diretamente a vida dos jovens e seu comportamento. A centralidade da razão, da liberdade, igualdade e fraternidade transformam as relações da juventude. Nos últimos anos, o que vem se fortalecendo é a cultura pós-moderna. Ela não se opõe totalmente à modernidade, mas provoca algumas mudanças como a velocidade e o volume de informações, a rapidez com que a tecnologia mudou o cotidiano, novos códigos e comportamentos. Os valores da modernidade continuam sendo importantes para os jovens: a democracia, o diálogo, a busca de felicidade humana, a transparência, os direitos individuais, a liberdade, a justiça, a sexualidade e a igualdade. Alguns elementos deste momento histórico exercem grande influência na mentalidade, nos valores e no comportamento de todas as pessoas. Dentre elas, destacamos a subjetividade, as novas expressões da vivência do sagrado e a centralidade das emoções.
A subjetividade é uma tendência que se acentua cada vez mais. O objetivo dos anos 80 em construir um mundo melhor para todos foi substituído pela preocupação com as necessidades pessoais, com os sentimentos, com o próprio corpo, com a melhora da auto-estima, com a confiança, etc. O ambiente de descrédito das ideologias em que vivem faz com que segmentos de jovens tenham forte tendência de viver somente no presente. Esse fenômeno tem o efeito de se concentrar, no momento atual, em busca de sensações e emoções passageiras.
Nesse contexto, há busca de uma espiritualidade mais individualista. Muitas pessoas voltam-se para vários tipos de manifestações religiosas e místicas como o ocultismo, astrologia, nova era, esoterismo... Ou então a procura de grupos fundamentalistas, em que as verdades são ensinadas de maneira dogmática.
A abertura para o transcendente não significa, necessariamente, uma aceitação das religiões organizadas. Há estudos que demonstram que muitos jovens estão procurando razões para viver sem envolver-se com um grupo religioso. Trata-se de uma espiritualidade centrada na pessoa e não na instituição e, por isso, buscada como algo que satisfaça suas necessidades.
Se antes exaltava-se a razão, hoje acentua-se a emoção. A tendência de acentuar os sentimentos tem forte penetração no meio dos jovens e levanta questões importantes referentes à metodologia de trabalho pastoral. Por outro lado, à medida em que aumenta o nível de escolaridade dos jovens, aumenta também a necessidade de uma base intelectual da fé; caso contrário, muitos acabam abandonando a sua fé.
A juventude é a fase da vida em que se concentram os maiores problemas e desafios, mas é, também, a fase de maior energia, criatividade, generosidade e potencial para o engajamento. Há alguns medos muito fortes na vida juvenil: a) o medo de sobrar por causa do desemprego; b) o medo de morrer precocemente por causa da violência e c) a vida em um mundo conectado, por causa da internet.
A juventude é o público alvo da indústria cultural. As marcas, as músicas, a moda, o entretenimento têm um alvo certo: querem atrair a energia revolucionária da juventude para consumir. A lógica é distrair a juventude com ilusões que não ajudem na mudança de pensamento e de ação.
No que se refere ao jovem da roça, a situação é preocupante. Pois no projeto de agricultura do capitalismo não há espaço para o camponês e menos ainda para o jovem do campo. Muitas vezes, os jovens são expulsos do meio rural pelos projetos de grandes construções de usinas hidrelétricas, pelos grandes latifundiários que vão adquirindo mais terras dos pequenos agricultores, pela busca de uma vida mais digna através de empregos e facilidades na cidade, que nem sempre se consegue.
Sabemos que em muitas comunidades rurais o número de famílias reduziu muito e de filhos também, por isso são poucos os jovens. Isso influencia diretamente na educação dos mesmos, pois a maior parte das escolas estão no meio urbano. Os jovens são levados até elas e acabam assumindo muitas características dos jovens da cidade. Com isso acabam entrando em atrito com os pais que tem dificuldades para compreender seus filhos.
1. A IGREJA BUSCA INTEGRAR OS JOVENS
Um dos objetivos que da Igreja é capacitar o jovem, através de uma formação integral e específica, a qual vá ao encontro das suas angústias e dificuldades, tornando-o sujeito de sua caminhada, de sua espiritualidade, das lutas e do seu próprio crescimento. Procura-se também proporcionar ao jovem uma educação na fé do Deus histórico e libertador, oferecendo princípios cristãos e científicos, para ajudar no processo de análise da situação em que vive. Desta forma, pretende-se criar no jovem uma motivação para que se engaje na Igreja e na sociedade.
Outra forma da Igreja atingir os jovens são as Missões Jovens que têm por objetivo: evangelizar, conscientizar, organizar e mobilizar os jovens, transformando-os em sujeitos desse processo. As Missões Jovens significam a retomada da cultura religiosa popular. Têm uma dinâmica, baseada na diversidade, no comunitário, nas necessidades e sonhos, nas experiências já existentes, nos desafios de organização, mobilização e formação. Uma metodologia adequada à realidade de cada paróquia, região e comunidade a ser atingida.
A mística é algo que move para a ação. A compreensão de uma fé encarnada na realidade faz com que os jovens assumam mais a sua realidade como fonte de vida e a fé em Jesus que joga para o testemunho comunitário.
A mística é fundamentalmente cristológica. Tem em Jesus Cristo o modelo para a juventude e no seu projeto algo a ser seguido e construído. Um projeto cuja opção pelos empobrecidos é muito clara. Tem na Bíblia sua principal fonte. Sua leitura é feita a partir da realidade. E a fé se expressa em ações concretas e práticas. Assim a educação na fé, encarnada, resgata a religiosidade popular, renova a vida comunitária e eclesial e leva o jovem ao compromisso para uma ação transformadora.
Os sonhos, os ideais, os desejos, as lutas dos grupos são construídos com a contribuição do saber e da vivência do trabalho que nasce e se concretiza na caminhada de ação e sistematização. A vivência dos grupos é uma obra que vai se modelando conforme a realidade dos jovens, conforme os anseios e alegrias de cada momento histórico vivido. Esta obra está aberta para se aperfeiçoar cada vez mais.
Dom Luciano de Almeida no 11º Encontro Nacional dos Presbíteros dizia que um dos desafios da Igreja hoje são os jovens: “Convivemos com processos bastante complexos que envolvem os jovens; constatamos o fenômeno da massificação, por um lado, e por outro, devido a chances tão diminuídas no campo de trabalho, dá-se um acentuado sinal de elitização. O desencanto com os processos sóciopolíticos, a falta de limites, a falta de sentido para a vida, a desestruturação da família e a ausência de uma autêntica experiência pessoal com Deus têm gerado uma juventude sem horizonte, presa fácil do mundo da droga e do vício. Como conseqüência, a juventude se degrada e se autodestrói. Nos últimos anos, no meio da juventude, deu-se uma verdadeira revolução sexual. Nessa dimensão tudo vale. A internet abriu um espaço de erotismo muito grande. Muitas jovens praticam o aborto em seqüência, sem escrúpulo algum. Como formar pessoas com autodomínio? Como abrir nossas igrejas para que sejam verdadeiros espaços de convivência e formação de consciência para a juventude? O que falta à juventude é ser amada. As pessoas sabem quando estão falando com alguém que as ama”.
1.1. Propostas Concretas dos Presbíteros
o Retomar Puebla quanto à opção pelos jovens;
o Estar com os jovens onde eles estão, saber acolhê-los, não esperar que eles venham, mas ir ao seu encontro;
o Marcar presença eclesial com o mundo da educação: pastoral universitária, atuação nas escolas de ensino fundamental e médio, públicas e particulares;
o Organizar e realizar parcerias da Igreja, Escolas e Universidades, fomentando o seu compromisso co-responsável com a vida;
o Ajudar os jovens a descobrir seus próprios valores positivos: a capacidade de acolher, o amor, a alegria, seus sonhos e utopias;
o Não esquecer que a Igreja ainda é uma referência muito forte para os jovens;
o Rever a linguagem no encontro com os jovens em toda a prática pastoral, inclusive a litúrgica;
o Liberar presbíteros para o acompanhamento dos trabalhos com os jovens;
o Articular, em âmbito diocesano, todos os organismos que trabalham com a juventude;
o Proporcionar espaços alternativos com atividades de boa qualidade para os jovens;
o Conhecer novos métodos de trabalho com os jovens, assumindo a Pastoral da Juventude;
o Superar o preconceito em relação à juventude e dedicar tempo aos jovens;
o Anunciar o querigma aos jovens, levá-los a uma profunda experiência de Jesus Cristo Libertador;
o Redimensionar a inserção eclesial dos jovens;
o Aprofundar a formação cristã das novas gerações, pois a superficialidade causa crises que terminam em abandono da vivência da fé;
o Incentivar a participação no Dia Nacional da Juventude, superando o atual desinteresse por esta iniciativa importante, no qual se tem trabalhado temas importantes para a vida do jovem, como o problema da exclusão, do desemprego, das políticas públicas, etc.
1.2. Jovem evangelizando jovem
Ao falar do protagonismo do jovem na Igreja, situamo-lo como sujeito e destinatário da missão que ela realiza. Os jovens, como diz o Concílio Vaticano II, “devem converter-se nos primeiros e imediatos apóstolos dos jovens, exercendo o apostolado, a pastoral entre os seus próprios companheiros, levando em conta o meio social em que vivem”.
O jovem tem a capacidade de se comunicar e chegar a outros jovens, aceita com maior facilidade os valores através de seu grupo do que através do “sermão dos adultos”. A atitude paternalista de muitos adultos, as respostas “prontas” arrasam o esforço do jovem para pensar e andar por si mesmo.
Evangelizar, partindo da condição dos jovens, é anunciar que o Deus da vida ama os jovens e quer para eles um futuro diferente, sem frustração nem marginalizações, em que a vida plena seja fruto acessível a todos. Por isso, somos testemunhas da esperança, comprometendo-nos a mudar as condições de vida em nossa sociedade e procuramos “aprimorar a história”. Esta é a alegria que experimentamos e queremos compartilhar com os outros jovens.
Integrando o jovem na missão da Igreja como sujeito e como destinatário, surge o princípio de que uma autêntica pastoral da juventude é “para” e “com” os jovens. Com eles e partindo deles, a Igreja evangeliza a juventude em geral, a grande massa juvenil – a dos jovens organizados, vinculados ou não à Igreja - e a pessoa do jovem em particular. A pastoral juvenil tem como destinatário todo o mundo juvenil: nenhum jovem deve ficar à margem de sua ação.
A Igreja quer formar jovens que sejam fermento do Evangelho na sociedade, e não jovens “fermentados” por uma sociedade em que o poder, o ter e o prazer são os valores supremos.
Em nossa sociedade com tantos sintomas de cansaço e de esgotamento, os jovens, e principalmente os que procedem de setores pobres, com seu inconformismo e com sua crítica unida à sua imensa capacidade de esperança e de utopia, podem ser os herdeiros da vocação confiada ao profeta: “A partir de hoje, eu te dou autoridade sobre as nações e sobre os reinos, para extirpar e destruir, para perder e derrubar, para reconstruir e plantar” (Jr 1,10).
2. CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE
A busca da identidade é uma viagem que dura a vida toda. É, portanto, um processo cujo ponto de partida está na infância e que se acelera durante a adolescência. Para formar uma identidade, o ego organiza as habilidades, as necessidades e os desejos da pessoa e a ajuda a adaptá-los às exigências da sociedade.
Durante a adolescência, a busca do “quem sou” é particularmente insistente na medida em que o sentido da identidade dos adolescentes começa onde termina o processo de identificação. Construir uma identidade implica definir quem é pessoa, quais são os seus valores e que direção deseja seguir na vida. A identidade é uma concepção bem organizada do ego, composta de valores, crenças e metas com as quais o indivíduo está solidamente comprometido. Nesse sentido, identidade corresponde ao sentimento de ser, de crer e de fazer.
Os adultos, normalmente, rotulam os jovens como rebeldes, bagunceiros e de viverem enturmados. É comum ouvirmos afirmações como, os filhos, quando crianças, são mais obedientes, carinhosos e caseiros. Ao entrar na adolescência, crescem e começam a distanciar-se dos pais. Querem ser eles mesmos e não depender de ninguém. Ficam inseguros, agressivos e contraditórios.
Nessa idade, o adolescente busca refúgio e segurança na sua turma; ele precisa construir sua identidade no seu tempo e espaço, e busca sua identificação forte no grupo. Por isso, sente-se contente, seguro e protegido quando está com os amigos para conversar, praticar esportes, ouvir música, divertir-se.
Muitos adolescentes procuram envolver-se na comunidade, na preparação das celebrações, do canto, e nisso vão revelando um jeito novo de fazer as coisas, mostrando que podem e devem ser sujeitos a fim de conquistar seu espaço na comunidade, nas relações com as pessoas que fazem parte de suas vidas, construindo assim, paulatinamente, sua própria identidade. O adolescente vai tomando o seu lugar, aparecendo e dizendo: “Olha, estou aqui”. Quer ser visto, quer participar, quer fazer, quer ter espaço para atuar.
Muitas vezes, o adolescente e o jovem não encontram liberdade nem abertura para manifestar sua vida, suas habilidades, qualidades e sentimentos, seja na comunidade, seja em outros lugares públicos. Por isso, o grupo de jovens é o ambiente escolhido para colocar em ação suas idéias, seu jeito característico de ser e sua própria espiritualidade.
3. GRUPO DE JOVENS
O ser humano é um ser social que está constantemente em relação com seus semelhantes, com a natureza, com o mundo e com Deus. Fazer parte de um grupo é necessidade intrínseca da pessoa. Nele nasce, vive, convive, recria e multiplica.
Ser pessoa e reconhecer-se como tal, implica partilhar com o outro pensamentos, sentimentos e projetos. Nessa troca, as diferenças entre os seres humanos são uma oportunidade para somar talentos e interesses, com o objetivo de crescer e desenvolver-se como jovens, como pessoas.
Os grupos de jovens são espaços que oportunizam o encontro dos jovens entre si e o estabelecimento de relações em diversas dimensões. Alguns grupos já tem uma caminhada; outros estão iniciando com passos lentos, muito timidamente, mas com muito desejo de firmar-se, cada qual com a sua maneira própria de ser. Não existe um modelo pronto para ser copiado. O grupo vai se modelando à medida que vai se construindo com a diversidade de rostos que o compõem. Porém, alguns elementos são importante para o crescimento do grupo, como a inclusão, o controle, as afeições e a amizade.
Os jovens vibram com a existência do grupo e afirmam que é um lugar de partilha, de crescimento mútuo; vivem a experiência de relacionamentos fraternos e nele conseguem expressar o que são e o que sentem. A ajuda mútua é muito forte entre eles, fortalece o grupo e a própria pessoa. Percebe-se a união e a força quando escutam expressões assim: “Vai lá cara, você consegue!” ou “conte conosco!” e tantas outras formas de solidariedades no grupo.
No grupo, a juventude constrói seu protagonismo, assumindo o planejamento e a organização, as conquistas e os desafios a serem enfrentados. Nesse espaço, o adulto – assessor – é o ponto de apoio para que eles não esmoreçam, mas encontrem força no seu apostolado.
Na maioria das paróquias, estes grupos reúnem-se nos sábados ou domingos, embora naturalmente haja grupos que escolham outros dias da semana para as suas reuniões.
A periodicidade das reuniões depende da especificidade de cada grupo. Contudo, a larga maioria dos grupos reúne-se uma vez por semana durante uma hora, aproximadamente.
4. A FORMAÇÃO TEM QUE SER INTEGRAL
Para sermos seres humanos livres e libertadores, é preciso que a formação nos ajude a desenvolver todas as dimensões de nossa vida.
Formação integral é uma formação que atenda:
- A dimensão afetiva, ajudando a pessoa no relacionamento;
- A dimensão social, integrando a pessoa no grupo e na comunidade;
- A dimensão espiritual, ajudando a crescer na fé;
- A dimensão política, desenvolvendo o senso crítico e ajudando a tornar-se sujeito transformador da história;
- A dimensão técnica, capacitando para a liderança, planejamento e organização participativa.
Essa formação acontece através de todas as atividades e durante o tempo de caminhada. Para isso, juntamos a teoria e prática, reflexão e ação, reflexão da realidade à luz do Evangelho. Por isso, os grupos não podem se reunir só para rezar, discutir teoria ou realizar ações sem reflexão e planejamento.
5. CAMINHAMOS POR ETAPAS
Ninguém se torna “novo”, comprometido com o Projeto Libertador de Jesus, de uma hora para outra. Há um processo a ser vivido e passos que precisam ser respeitados. Um grupo é como a gente: fomos planejados e chamamdos à vida para o amor.
5.1. Com o grupo acontece a mesma coisa:
1. Depois que as pessoas foram convidadas, há um tempo de “gestação” para nascer como um grupo verdadeiro. As pessoas vão se conhecendo, se integrando, descobrindo o que é grupo, sua importância, como organizá-lo e como trabalhar nele.
2. Quando o grupo está firme e organizado começa um longo caminho no qual seus membros vão vivendo uma experiência participativa de formação até chegarem a uma opção pessoal de compromisso com o Projeto de Jesus. Essa caminhada é como um treinamento do compromisso cristão ou como um ensaio da Nova Sociedade.
3. Os jovens que realizam esta caminhada e tem uma ação comprometida por causa de sua fé, são chamados de militantes. É uma nova situação de vida, que exige novas formas de continuação de formação.
6. A IGREJA APOSTA NOS JOVENS
Quando falamos dos jovens, necessitamos cuidar com que olhar estamos nos posicionando: há o olhar da sociedade e do jovem para si. A sociedade olha o jovem como fase importante de desenvolvimento de sua personalidade. No entanto, submetido a uma marginalização do trabalho e de funções políticas. Muitas vezes, apresenta um olhar de desconfiança e não responsabilidade. O jovem olha para si buscando diferenciar-se dos adultos. Busca uma identidade socialmente reconhecida e mais ampla do que a vivida pela família. Passa do mundo particular da família para o mundo universal do trabalho e das relações sociais. Os grupos de jovens ajudam a integrar o modelo de família com a vida na sociedade.
Para os jovens é muito importante o contato, a relação e o testemunho de outros jovens, para além do contexto localizado das suas atividades habituais. Esse contato é útil como experiência de fé e comunhão, vivida com a imensa riqueza e diversidade de situações e respostas oferecidas pela Igreja. É o caso da Jornada da Juventude, Encontrões Estaduais, Diocesanos, encontros de formação e partilha, atividades entre grupos, etc.
Há questões que tocam o fundamental da vida dos jovens. Questões que são de sempre, mas que se revestem de particular importância no contexto atual. Refiro-me à questão do sentido da vida e do projeto de vida de cada um em especial.
É necessário conhecer a realidade juvenil e, quanto possível, os jovens nas suas interrogações e nos seus sonhos e motivá-los à descoberta do “tesouro”, da “pedra preciosa” pela qual vale a pena tudo sacrificar.
7. GRUPOS DE PÓS-CRISMA
Nos últimos anos a, preocupação com a formação evangelizadora dos adolescentes/jovens crismados teve um forte impulso em nossas comunidades cristãs. Isto se evidencia no interesse de nossas lideranças em fazer o processo de continuidade do cultivo da fé, que acontece nas relações grupais, capazes de desenvolver a dignidade humana, a experiência comunitária e construir uma sociedade justa e fraterna.
A partir de uma pesquisa realizada na Diocese de Passo Fundo, no ano de 2001, com as crismados no ano de 2000, foram identificados os anseios e sonhos dos adolescentes/jovens e com isso surge novos recursos de evangelização, a qual chamamos de pós-crisma.
O acompanhamento aos adolescentes/jovens, após o crisma é uma necessidade. É fundamental, que neste período de vida em grupo, seja favorecidas possibilidades de manifestação e vivencia de suas potencialidades. Essa experiência começa ser desenvolvida a partir dos primeiros sinais, atitudes e manifestações da educação da fé. Durante toda a vida o adolescente/jovem estabeleceu relações, nos mais diferentes espaços e ambientes, que marcaram de diversas formas, sua personalidade. É necessário ter presente que, dependendo das experiências feitas no campo das relações, os adolescentes/jovens manifestam-se receptivos a um projeto de vida em grupo, ou não. Por isso, a assessoria contribui para a realização de um processo coletivo, integrado, participativo, solidário, afetivo e efetivo, na perspectiva da evangelização.
Os grupos de pós-crisma buscam responder à necessidade e importância de fortalecer a participação de forma mais aberta, alegre, dinâmica e integradora na caminhada evangelizadora dos adolescentes. Neste espírito, é preciso escutar, sentir e observar seus diferentes rostos e identidades, para captar e proporcionar condições de vivência e amadurecimento de sua missão, na Igreja e na sociedade.
O projeto propõe uma nova perspectiva de trabalho na evangelização e na caminhada da Igreja. Refletir e superar práticas e estruturas de organização já existentes, para os jovens, é um desafio. Muitas vezes, essas estruturas limitam, selecionam, isolam e se fecham sobre si, gerando, não raro, um clima de euforismo e, ao mesmo tempo, de distanciamento da missão e da vida comunitária.
É importante compreender a função da pessoa que vai desempenhar o ministério de assessoria a um grupo. Assessorar significa sentar-se junto a. Existem tarefas próprias de quem vai desempenhar esse papel, tais como: motivar, acompanhar, orientar e integrar, proporcionando a participação dos adolescentes/jovens na igreja e na sociedade.
8. A REUNIÃO
A reunião é um momento importante e fundamental na vida do grupo. É no processo de reunião que o grupo nasce, cresce e amadurece. A reunião é como o “miolo” da fruta, na formação integral do jovem que entra no processo.
Um encontro bem preparado é sempre mais saudável, dinâmico, participativo e construtivo. Com o objetivo de favorecer e possibilitar um espaço integrador e envolvente, sugerimos algumas orientações para os encontros dos grupos. É bom lembrar que não são receitas prontas a serem aplicadas, tão pouco modelos ou roteiro a serem seguidos à risca. É função da equipe de coordenação, juntamente com os/as assessores, organizar e dinamizar os encontros. Portanto, a equipe precisa garantir que as tarefas e os passos dos encontros sejam realizados de forma partilhada entre os participantes do grupo e não apenas por alguns membros.
A finalidade desta sugestão é orientar os grupos proporcionando participação, criatividade e envolvimento durante os encontros. Essas dicas ajudam na construção do rosto e da identidade do grupo, através da espiritualidade, do conteúdo e das ações concretas e no fortalecimento das relações de confiança, amizade, integração e espírito de grupo. Para isso, vale observar o desenvolvimento progressivo de diferentes passos.
1. ACOLHENDO: é o começo da reunião. É importante que o(a) animador(a) dê atenção especial a este momento do encontro e acolhida dos membros do grupo (de maneira a criar um clima de amizade e intimidade). O local de encontro deve ser preparado antes, de modo a favorecer a comunicação, o encontro com o outro, evitando dispersão ou a distração. O(a) animador(a) diga algumas palavras que sintetizem o objetivo do encontro para que todos estejam por dentro do conteúdo da reunião. A acolhida inicia-se com uma recepção, oração inicial e a apresentação de novos participantes, com uma saudação, um canto alegre e apropriado para o encontro.
2. RELEMBRANDO O ENCONTRO ANTERIOR: é o momento de fazer a memória do grupo. Lembrar os pontos mais importantes que foram abordados, as decisões tomadas e cobrar as atividades que foram assumidas no último encontro.
3. OLHANDO A NOSSA REALIDADE: considerando que a reunião precisa partir sempre da vida concreta dos jovens, situados no bairro onde moram com suas dificuldades e alegrias, o(a) animador(a) deve estar atento para ir aos poucos trabalhando este aspecto nos participantes do grupo, “tirando a trave dos olhos” para que eles tomem consciência de sua própria realidade.
- A metodologia: o objetivo da metodologia é passar um conteúdo, uma idéia. Para isto o(a) animador(a) deve ter claro aonde se quer chegar. Isto depende do conhecimento, da preparação, da execução e de sua aplicação ao tema proposto.
- Avaliação da metodologia: o seu resultado depende da avaliação do que foi feito, quando o grupo entende o conteúdo trabalhado e partilha os sentimentos vividos. Três elementos são importantes nesta avaliação: Como foi o trabalho, todos se envolveram? Como se sentiram? O que aprenderam como grupo da metodologia aplicada.
Neste momento é importante o(a) animador(a) anotar todas as respostas do grupo, apresentar uma síntese e ajudar a concluir essa parte, ligando com a seguinte.
4. CONFRONTANDO COM A VIDA DE JESUS/PALAVRA DE DEUS: a iluminação bíblica, neste momento, ajuda o grupo a descobrir atitudes de Jesus diante de uma situação semelhante à vivida pelo jovem e introduz a oração que segue no final da reunião. A iluminação bíblica é necessária para que os jovens possam assumir os valores evangélicos comparando a sua vida com a de Jesus. Nem sempre é fácil a aplicação da Bíblia, uma vez que os jovens têm dela pouco conhecimento, sendo necessário ir pensando com o grupo como estudá-la mais.
5. ASSUMINDO PEQUENAS ATIVIDADES: (compromisso de vida), no início do grupo, os jovens dificilmente assumem grandes ações. É necessário um treinamento de atitudes e atividades a serem cultivadas com intensidade durante a semana seguinte. Trata-se de ver a realidade, confrontá-la com o apelo de Jesus e assumir na sua vida de jovem uma atitude nova, cristã.
6. CELEBRANDO A VIDA-ORAÇÃO: o que foi descoberto ou experimentado torna-se agora oração. Este é um momento de reflexão, contemplação de Deus. Precisa-se superar a rotina de recitar mecanicamente o Pai Nosso e Ave-Maria. Despertar os jovens para oração pessoal e comunitária. Para isso, usar salmos, orações espontâneas. Para despertar o gosto pela oração, ela precisa ser preparada com criatividade.
7. AVALIAÇÃO – REVER A REUNIÃO: avaliar tudo que foi feito durante a reunião. Esta avaliação ajuda os jovens a despertar o senso crítico e a participar com mais entusiasmo.
8. PREPARAÇÃO DO PRÓXIMO ENCONTRO: combinar com o grupo sobre o próximo encontro: o tema, as pequenas tarefas que eles já são capazes de realizar, lembrando que no início do grupo os jovens assumem bem pouco. Não cobrar muito, caso contrário eles fogem do grupo.
9. AVISOS E DESPEDIDAS.
OBSERVAÇÕES: além destes elementos, o grupo pode acrescentar outros, como por exemplo: dinâmicas, como introdução de algum tema ou brincadeira no final da reunião.
O(a) animador(a) precisa estar preocupado(a) durante todo o tempo com a formação integral do jovem. Por isto, é importante despertá-lo para falar, falar de si, participar da reunião, avaliar, perceber a sua realidade, assumir pequenas tarefas, rezar. É fundamental para o crescimento no grupo que os jovens desenvolvam pequenas tarefas.
Concluindo
Voltar nosso olhar para o mundo jovem é poder perceber sua dinamicidade e sua energia. Eles realizam várias atividades na mesma hora, falam de diversos assuntos e se entendem. É na dinâmica de chorar e rir, falar e calar, romper relações e reconstruí-las que o jovem vai celebrando o cotidiano da vida.
10. Oração Final “Compromisso”
Ambiente: Se possível, não utilizar cadeiras. Podem-se colocar almofdas e tapetes no chão formando um circulo. No centro, um vaso com flores, um crucifixo, uma vela grande e uma Bíblia aberta completa o cenário. Alem disso, velas acesas simbolizando cada jovem (grupo) presente no encontro. Nas paredes, vários cartazes com dizeres sobre juventude, futuro, compromisso, alegria e paz contribuem para tornar um ambiente agradável e bonito.
Som: Colocar uma música de fundo (instrumental).
Acolhida: Um dos responsáveis pela coordenação da oração final fala sobre a importancia de estarmos reunidos em comunidade. Com alegria, convida a todos a cantar a música “Momento Novo”; muito apropriada para o que estamos vivendo no momento. (É importante que todos tenham a letra da música em mãos.).
Leitura Bíblica: I Cor 13 (Esta leitura fala do amor, que é compromisso, amizade, que nos faz viver melhor e que está acima de tudo).
Partilha: Após a leitura, faz-se uma pequena reflexão sobre o significado do texto e a importancia para nós neste momento. (Este momento pode ser conduzido por uma liderança jovem da comunidade, para que os participantes percebam a importância do envolvimento do jovem na comunidade).
O incentivo do padre: Se for possível, seria importante a participação do padre neste momento para falar da importância da existência de Grupo de jovens e de sua participação na comunidade.
Cerimônia da Luz: Um participante de cada grupo é convidado a se dirigir ao centro e pegar uma das velas simbolizando o seu grupo. Ao pegar a vela, se dirigirá para um ponto da sala e todos os demais participantes de seu grupo deverão aproximar-se dele. O participante que está segurando a vela irá passá-la de mão em mão. Ao segurar a vela, cada participante deverá pensar um pouco na importância e no significado da luz. O ultimo que pegar a vela irá segura-la e o grupo deverá fazer seu circulo para recompor o circulo maior. No momento que o ultimo grupo terminar sua reflexão, o animador concluirá a reflexão silenciosa dos participantes enfocando o sentido de ser luz na comunidade, ressalta-se a esperança de que cada grupo consiga ser luz na comunidade e de que sua luz não se apague. Neste momento, convida os participantes que estão segurando as velas para que as devolvam ao centro da sala.
Abraço da Paz: No final, faz-se o sinal da cruz e o animador convida os participantes a darem o abraço da Paz. I(Música Linda Juventude – 14 bis).
11. Oração Final “Dinâmica das Sementes”
Material necessário: Sementes variadas e em quantidade suficiente para todos; um vaso com terra.
Desenvolvimento: Seguem-se os seguintes passos:
• No inicio, cada participante é convidado a se dirigir até o centro e pegar uma semente qualquer;
• O animador faz uma pequena reflexão sobre o simbolismo da semente. Pode-se utilizar a parábola do semeador. É importante frisar que devemos ter clareza sobre o que estamos plantando em nosso dia-a-dia; que valores e idéias estamos semeando nos ambientes em que convivemos. (Pequena pausa para reflexão individual);
• Feita esta reflexão, o animador convida cada participante a se dirigir ate o vaso de terra e plantar sua semente. No momento em que estiver plantando a semente, deve expressar o que pretende semear/plantar em sua vida;
• Cante-se a oração do Pai-Nosso. Encerra-se com o abraço da Paz.
ANEXOS
TEATRO DNJ
PROPOSTA 1
JUVENTUDE VAMOS LUTAR CHEGOU A HORA DO NOSSO SONHO REALIZAR
PERSONAGENS:
CACÁ: um jovem
EMANUELA: uma jovem
RADIALISTA: pode ser homem ou mulher
ASSISTENTE: pode ser homem ou mulher
CENÁRIO: RADIO COMUNITÁRIA
CENA I
Radialista sentado iniciando o programa
RADIALISTA: Bom dia!! Está começando a nossa rádio comunitária. Hoje temos uma programação especial. Vamos contar a pequena história de um jovem que buscava realizar seus sonhos... Vamos ler sua carta (Entra alguém e entrega um rolo enorme de papel de onde será lida a história). Vou começar.... 1, 2, 3,.....
CENA II
Entra o personagem CACÁ que começa a falar sua história
CACÁ: Minha vida era como uma estada sem sentido, eu caminhava, caminhava e não chegava a lugar algum... Não compreendia nada.... Política para mim.... era só roubalheira, não sabia que a minha omissão e ignorância política contribuía com a minha falta de oportunidade. Sonhos, eu tinha tantos.... mas eram todos individualistas e eu não conseguia realizar nenhum, nem sabia que eram sonhos voltados para atender a demanda dos capitalistas sociais que só quer nos consumir. Este modelo de sociedade que vivemos.... Voltava minha vida para o uso de drogas e rebeldia familiar, causando desordens nas ruas, achando que assim estava sendo o máximo, demais. Assim eu confrontava a realidade e o resto que se fudesse! Foi ai que conheci uma jovem, a Melissa, (para o lado, chamando Melissa) Vem aqui Melissa... Bem foi ela que me mostrou que eu precisava me organizar e compreender que os grupos juvenis são ótimos, é bom fazer parte de grupos como hip-hop, caratecas, igrejas e ongs, mas que é enganoso achar que estes grupos em separado irão fazer algo de transformador. Ela me mostrou que é muito importante unir a juventude e buscar formas de conscientização que faça mudança social. A Melissa me mostrou que eu precisava deixar de me rebelar contra o que não dava futuro e me preocupar de fato com a construção de espaço de lazer, condições iguais de estudo e trabalho... E muito mais... Me mostrou que Políticas Públicas para a juventude é possível e Sonhos e Lutas andam lado a lado....Hoje busco projetos de transformação e convido todos a fazerem o mesmo! Ao conhecer isto comecei a ingressar grupos que me ajudaram a refletir e reivindicar pelos meus direitos e concretização de meus sonhos. Meus sonhos que não são só meus, mas nossos. Acordemos para a real situação social. Me despeço agradecendo a oportunidade. (saem de cena)
RADIALISTA: Queridos ouvintes da nossa rádio, Cacá teve coragem de conhecer e compreender o sentido da vida. A realização dos sonhos comunitários, assim como nossa rádio é comunitária. Que os jovens acreditem mais neles mesmos e concretizem seu sonhos, mas que estes sonhos levem a sociedade a uma transformação. E assim vamos nos despedindo, deixando a música mais pedida da semana (música – É preciso saber viver)
Entram os personagens e cumprimentam o público
TEATRO DNJ
PROPOSTA 2
PROGRAMA SÉRIO
CENÁRIO: programa de tv, um apresentador divertidíssimo, meio fanfarrão, exótico e escandaloso, pode ser a imitação de algum apresentador famoso. Um programa de entrevistas. Entre uma entrevista e outra, se apresenta um comercial interessante e engraçado, sobre algum produto ou situação atual do país, cidade, comunidade.
PERSONAGENS:
APRESENTADOR: pode ser um homem ou uma mulher, desde que seja meio cômico.
MATUSALÉM: velha, irreverente (pode ser um velho)
CONTRA-REGRA: alguém meio nervoso, personagem que interrompe e faz as correções quando necessário.
FALANDO E NÃO CUMPRINDO: político entrevistado
GAROTO – PROPAGANDA 1: responsável pela propagandas. O vestuário deve ser diversificado.
GAROTO-PROPAGANDA 2: acompanha o garoto-propaganda 1 no segundo comercial, homem vestido de mulher, ou uma mulher mal arrumada fazendo-se de sensual
JOVEM: seus trajes devem conter um pouco de cada realidade juvenil, isto é, utilizar partes de roupas que mostre que ele esta representando todos os jovens.
CENA I
Entrada do apresentador de modo bem engraçado
APRESENTADOR: Boa noite, telespectadores do meu, seu, nosso programa de melhor audiência da concorrente da GLOBO! Hoje eu, o querido de todos, estou aqui para mais uma satisfatória apresentação, com uma programação ultra, mega e cheia de baboseira. Hoje temos aqui para a satisfação de trazer para vocês aquelas pessoas comuns e conceituadíssimas. Hoje teremos aquela desconhecida dona de casa esquecida por todos, até mesmo pelo marido, estaremos com a senhora Matusalém (o apresentador fala tudo alegremente – é o que chamamos de humor negro). Teremos aquele jovem desocupado que é mal visto por todos.E ainda, teremos também aquele político corrupto que já ganhou as eleições mais de uma vez ajudado pela inconsciência de todos nós, o senhor Falando e Não Cumprindo!!! Vamos começar então...(é interrompido antes de concluir a frase – neste caso o ator que representa o próximo personagem deve estar atento para interromper sem deixar espaço na fala)
CONTRA-REGRA: Agora é a hora do comercial, esqueceu?(Esta intromissão deve ser divertida para que o público perceba)
APRESENTADOR: (Fala para o contra-regra) Eu sei, mas o programa é meu, e eu faço o que eu quiser! (fala para o público, sorrindo meio sem graça) Vamos agora aos nossos comerciais!(permanece em cena com a imagem congelada, um pouco mais à frente, uma pessoa entra com um pacote).
GAROTO PROPAGANDA: Se você está ai preocupado com as contas, o dinheiro não entra, ta difícil pra fazer o orçamento de casa dar certo... Não se preocupe! Temos aqui a MALA PRETA...Nela você encontrará muitas vantagens.... A primeira... Compre uma e leve também uma cueca cheia de dinheiro com direito a viagem e tudo mais... Além de encontrará na mala grandes possibilidade e instruções de como se tornar um corrupto como se deve! Tudo isto apenas por uma irrisória participação na hora do seu voto. Voto inconsciente é claro! E caso queira adquirir mais de uma mala ligue 000000000 – CONGRESSO.(termina a fala e permanece estático com um sorriso nos lábios, olhando para um lado e para o outro, entra o Contra-regra e o interrompe).
CONTRA-REGRA: Pode sair, à propaganda acabou...
APRESENTADOR: Querido telespectador é muito gostoso estar com vocês, falar com vocês... Hoje nosso tema é o sonho dos brasileiros, seres humanos comuns. Vamos então chamar nada mais nada menos do que aquela pessoa comum que já viveu muito, mas que ainda acredita nos sonhos e em uma forma de ajudar a juventude... A senhora Matusalém! Aplausos!
(Entra uma velha/velho, de modo bem espalhafatoso, com dificuldade para sentar, meio atrapalhada dando trabalho para o apresentador).
APRESENTADOR: Aqui senhora... Aqui senhora Matusalém.....
(Ela com uma sombrinha na mão responde mal-educada e agredindo o apresentador com a sombrinha)
MATUSALÉM: Não ponha a mão ai, seu sem vergonha!
APRESENTADOR: (Depois de ter acomodado a velha) Então, senhora Matusalém, hoje convidamos a senhora, pois sabemos sobre a sua idade... Fale para esse povo um pouco sobre você!
MATUSALÉM: Bem, eu sou daqueles tempos que se chegou no Brasil e o povo ainda se preocupava com a nudez dos índios, mal sabia eles que esse costume ia ser bem vivido por esta geração. Hoje tem gente que até recebe para aparecer pelado. Eu acho que vou aproveitar que to aqui e quem sabe eu fico meio famosa (Começa a tirar a roupa, o apresentador a impede, ela ri sem graça e continua...) Olha aqui eu só não tiro mesmo porque ainda tenho pudor... Mas pergunta logo o que você quer, que eu quero ir embora (cospe no chão), dá uma mijadinha, minha bexiga é solta, por isso eu já ando com um piniquinho na mão.
APRESENTADOR: (Interrompendo) Como já falei hoje, nosso programa quer falar um pouco do sonho da juventude e de sua luta.... O que a senhora, que já é bem vivida tem a dizer sobre a luta desta juventude e a realização dos seus sonhos?
MATUSALÉM: Como você mesmo disse, eu já vivi muito e durante toda esta trajetória vi coisas boas e coisas ruins..... A juventude na verdade sempre foi mal compreendida, pois ela sempre buscou mudança do seu jeito de afrontar a realidade, mas hoje parece que muitos jovens perderam seus sonhos e objetivos e estão seguindo os moldes de uma sociedade capitalista onde os sonhos são individuais... Hoje as coisas andam como estão porque os sonhos das pessoas passaram a ser individuais. As pessoas pensam assim hoje... “ eu vou estudar para ser médico conquistar minha casa, minha família....”.Quem pensa no coletivo é sempre tachado de bobo, sonhador, idealista. Como eu já vivi muito, passei por sociedades individualistas que se destruíram. Nenhuma delas conseguiu sobreviver muito. Hoje os jovens são meros telespectadores de um mundo desigual e tentam se expressar de modo individual com seus grupos isolados e brigando entre si.(Ri) Pobres coitados, estão fazendo o que os poderosos querem... O sonho da juventude é oportunidade de lazer, educação de qualidade, moradia digna, e isto não se consegue sozinho não. É preciso ter consciência e cobrar isto das autoridades competentes: os políticos e os empresários..... Pensem nisso.....(Ela termina de falar e olha para o lado e o apresentador está dormindo, ela o acorda depois de várias tentativas) Mal agradecido, como você dorme!
APRESENTADOR: (Bocejando e com os olhos arregalados olhando para os lados)Ah, heim? A senhora já terminou o blá-blá-blá? Vamos agora pra nossos comerciais para sermos manipulados um pouco pela mídia! (Enquanto ele conduz a saída da velha, entra o Garoto Propaganda).
GAROTO PROPAGANDA 1 e GAROTO PROPAGANDA 2 (Ao som de uma música tema de uma novela atual, os dois encenam . Um do lado e outro do outro, vão em câmera lenta e se encontram ao som da música romântica, ao chegarem próximos e realizarem um cena romântica troca-se de música, colocando uma agitada tirada do mesmo CD e trilha sonora da mesma novela. Na seqüência apresentam o CD de modo irônico para ser comprado pelos telespectadores).
GAROTO PROPAGANDA 2: O melhor CD que existe para a sua satisfação.
APRESENTADOR: O que estas pessoas não fazem para aparecer! E a mídia para vender! Mas deixa para lá, hoje nosso programa está animadíssimo, como vocês puderam perceber no nosso bloco anterior. Convidamos agora o Senhor Falando e Não Cumprindo... Político de nossos canais fictícios, mas que representa esta corja por aí! Aplausos!
(Ele entra correndo, distribuindo beijos e jogando santinhos, o apresentador tem certa dificuldade de fazê-lo sentar-se, mas consegue).
APRESENTADOR: Boa noite, senhor Falando e não Cumprindo!
FALANDO E NÃO CUMPRINDO: Boa noite! É com muita honra que apareço neste programinha de merda!
APRESENTADOR: Como?
FALANDO E NÃO CUMPRINDO: É...quer dizer... É...
APRESETNADOR: Deixa para lá... A pergunta que todo mundo quer saber é... Porque falar em Políticas Públicas e realização de sonhos é importante e está ligado?
FALANDO E NÃO CUMPRINDO: Veja bem... Não existe governo sem políticas públicas, pois ao se dizer políticas publicas está se falando sobre tomadas de decisões voltadas para a melhoria da situação do povo... Seria investimento em todas as áreas que se refere ao trabalho com o povo... Saúde, Educação, Turismo, Trabalho... E assim por diante. Política pública para a juventude seria como realizar coisas voltadas pra a juventude... Na verdade o povo deveria ter consciência e saber que a realização de políticas públicas é algo obrigatório a cada governo, municipal, estadual e federal. E que o povo tem que acompanhar. No município é fácil o povo acompanhar as sessões nas câmaras municipais para evitar os projetos absurdos e abusivos votados pelos vereadores que não ajudam muito na melhoria do município... Algumas vezes tem uns projetos legais, mas que não são aprovados por picuinhas de partidos e briga do legislativo com o executivo e o povo, o jovem sofre com isso.
APRESENTADOR: E quanto aos sonhos
FALAN: Qual é o sonho da juventude? ...(pode abrir espaço para a platéia) Isto mesmo: lazer sadio, esporte, educação de qualidade, emprego...O oferecimento destas situações se dá por meio de políticas públicas... Por exemplo, não adianta o governo oferecer algumas míseras bolsas para universidades particulares, mas deve se ter universidades mais acessíveis ao povo. O sonho é algo que deve ser para todos... Não adianta pensar que eu consegui e sou um vencedor. As oportunidades são pequenas, precisa-se mudar o sistema. Hoje Mato grosso é governado por um empresário, que trata as políticas públicas como empresa privada, e isto agride o povo... Mas o pior é que ninguém percebe os problemas que vem acontecendo... Diz-se que Mato Grosso cresce, mas o povo não desfruta deste crescimento, e ainda acha bom!
APRESENTADOR: (Meio preocupado) Ta bom, ta bom , não precisa falar mais não... Se não o meu programa sai do ar... Agente depende dele... (fala para o Contra-regra) Corta essa parte... (fala para o público) Deleta isso, vocês não escutaram nada...(fala para o Contra-regra) Tira esse homem daqui...!(Entra o Contra-regra e o expulsa, ele ainda resiste, mas é retirado a força. Entra o Garoto Propaganda 1 e cochicha nos ouvidos do apresentador).
APRESENTADOR: Nosso programa está chegando ao fim (Meio sem graça) Aconteceram alguns probleminhas..... Vamos ficar fora do ar por ... por um longo tempo... Acho que(começa a chorar) Agente não volta mais....Nem sempre agente pode dizer a verdade na tv. (Entra o jovem)
JOVEM: Pó cara! E eu, não vou falar, não!
APRESENTADOR: O programa acabou, zefini, finish...
JOVEM: Onde estão os meus direitos... Eu quero falar... Agente precisa ser ouvido... Eu quero falar pros meus companheiros que agente precisa abrir os olhos e deixar de viver estes estereótipos de grupos juvenis, precisamos lutar pelo que é comum..... Deixar de ficar envolvido em discussões ridículas que não nos levarão a nada. Precisamos ter mais consciência...
APRESENTADOR: (interrompendo e já se despindo da roupa de entrevistador, tirando a maquiagem) O programa acabou!(o jovem continua)
JOVEM: Precisamos sonhar e acreditar em nossos sonhos... Aprender um pouco mais sobre organização política pra não sermos passados para trás na hora de nosso voto, formar grupos organizados onde estivermos, para buscar melhoria nas escolas, trabalho, no lazer e esporte... Nossa cidade, nosso governo tem que oferecer isso.
APRESENTADOR: Tire este jovem daqui... Alguém (entra o Contra-regra e sai carregando o jovem)
JOVEM: (gritando e sendo retirado) O jovem precisa ser sério e buscar algo organizado, sem violência, mas que seja transformador... Ele precisa ser levado a sério...
APRESENTADOR: (fala para o público, terminando de dobrar as ultimas roupas de sua vestimenta): Jovens, ah, jovens... Precisam mudar a postura pra serem levados a sério, precisam se organizar melhor e saber planejar... Pensem em seus sonhos, digam a verdade, busquem justiça sempre, preocupem-se uns com os outros e com uma sociedade melhor... Se informem pra ver o que os jovens organizados pelo mundo inteiro conseguem e conquistam. Talvez assim vocês possam ser levados a sério. Talvez assim o jovem no Brasil possa ser levado a sério.(Vai saindo, coloca-se a música _ o jovem no Brasil não é levado a serio, entram todos os personagens e cumprimenta o público).
COMO É O DNJ QUE VOCÊ QUER?
A partir deste ano na Arquidiocese de Pouso Alegre o Dia Nacional da Juventude (DNJ) um evento de massa de responsabilidade da Pastoral da Juventude, seguindo orientação do documento nº 85 da CNBB.
Mas como agradar a todos (ou pelo menos tentar) e fazer deste evento um marco importante na caminhada de fé dos nossos jovens?
Acreditamos que você, seja leigo, padre, religiosa, religioso, seminaristas, etc, pode contribuir para encontrarmos esta resposta.
Por isso, convidamos você a apresentar propostas ao DNJ para:
1. Divulgação: em sua opinião como deve ser a divulgação e a motivação?
2. Atrações: em sua opinião que tipo de atração ou atividade deve ser oferecido?
3. Estrutura: em sua opinião que tipo de estrutura ou serviços devem ser disponibilizado?
4. Local: em sua opinião em que cidade ou local deve sediar o evento?
5. Outros: em sua opinião o que mais ainda pode ser acrescentado?
Registre as suas contribuições nos comentários desta postagem ou envie para danielaugusto@univas.edu.br; pjpousoalegre@yahoo.com.br ou ainda edpjpousoalegre@yahoogrupos.com.br
PS.: aproveite esta oportunidade para elaborar propostas. Evite fazer críticas ou comentários negativos sobre outros eventos. Queremos propostas!
Equipe Diocesana da Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Pouso Alegre