O tema do 12o. Intereclesial: “CEBs, Ecologia e Missão” e o lema: “Do ventre da terra, o grito que vem da Amazônia” convidam-nos a adentrar nas linhas e travessões da floresta amazônica, nos emaranhados dos igarapés e na imensidão dos rios para ouvir com o coração o que Deus tem falado “muitas vezes e de muitos modos” (Hb1,1) as nossas comunidades que receberam “do Criador e do Cristo, “primogênito de toda criatura”, a missão de ser, junto com toda a humanidade, “Irmã da Criação”. Por isso, a Igreja considera como parte da sua opção fundamental a salvaguarda de toda a criação, chama todos os homens e mulheres a cuidarem do Planeta como sua casa comum. (Doc.Ass.Reg.N1eN2,1997, n.37) Em 2009, o 12º. Intereclesial das CEBs vai marcar profundamente a comunhão eclesial da Arquidiocese de Porto Velho. A preparação dos últimos três anos, o DOZINHO: I Encontro Arquidiocesano das CEBs reunindo a maior representatividade de nossa arquidiocese, a Romaria da Bíblia, são motivos para animar a nossa caminhada neste chão de Rondônia; colocam-nos em estado permanente de Missão, no espírito do documento de Aparecida. “Aprendemos dia após dia que cada acontecimento eclesial possui o caráter de sinal, pelo qual Deus Se comunica a Si mesmo e nos interpela” (Sacramentum Caritatis 92). Estamos unidos aos povos de diferentes culturas, “aos povos da floresta em sua contemplação do Deus da Vida que manifesta o seu amor maternal na terra, no céu estrelado, no mistério das matas e dos rios” (n.35). Vamos alargar a tenda porque aqui Deus está acampado no meio de nós. As CEBs vivem sua missão nessa região, onde a aliança do Criador com o universo aparece tão fortemente, seja na tradição bíblica, seja nas culturas indígenas. “Eis o que diz o Senhor: Quero fazer uma aliança com os animais da floresta e as aves do céu, com os répteis do chão e tudo o que vive na terra. Vou eliminar o arco e as armas de guerra para que todas as criaturas descansem em segurança. Então, vou me casar contigo na justiça e na misericórdia, na fidelidade e na compaixão. Eu escutarei os céus e eles escutarão a terra, e a terra escutará as plantações” (Os 2, 18-19. 21). Do Bioma Amazônico, a terra ferida, as constantes ameaças à vida, gritos de dor “eu ouvi o clamor do meu povo” (Ex 3,7) e impulsos para um novo parto; são os desafios resultantes do caminho destruidor das florestas, rios e biodiversidade; da grilagem de terras, dos plantadores de soja, do desmatamento e destruição da vida da floresta, das madeireiras, plano de exploração de bauxita e outros minérios, narcotráfico, hidrelétricas, inércia dos governos federal, estadual e municipais, corrupção política, crime organizado. Enquanto, de um lado, o maior desafio dos povos da Amazônia é a construção de uma proposta de desenvolvimento que evite a destruição da floresta e a poluição das águas, que não ameace a sua incrível biodiversidade; de outro lado, os povos da floresta amazônica estão construindo formas de convivência com a Amazônia e estão dando sinais de que desejam que os caminhos de desenvolvimento sejam redefinidos a partir de seus conhecimentos e de suas estratégias, e contem com sua participação efetiva. Devemos favorecer uma autêntica mudança de mentalidade no modo como lemos a história e o mundo através da forma eucarística da existência. Somos impelidos “a considerar a terra como criação de Deus, que produz quanto precisamos para o nosso sustento. As condições ecológicas em que a criação subjaz em muitas partes do mundo suscitam justas preocupações, que encontram motivo de conforto na perspectiva da esperança cristã, pois esta compromete-nos a trabalhar responsavelmente na defesa da criação”. (Sacramentum Caritatis 92). O documento de Aparecida ilumina-nos diante das contradições que derrubam os modelos antigos de missão em que nos apoiamos e nos obrigam a reinventar o novo modo de buscar respostas para a fome de vida e de justiça; ajuda-nos a criar uma “consciência sobre a importância da Amazônia para toda a humanidade e a estabelecer entre as Igrejas locais de diversos países sul-americanos, que estão na bacia amazônica, uma pastoral de conjunto com prioridades, para criar um modelo de desenvolvimento que privilegie os pobres e sirva o bem comum.” (DA 415) Texto: Dom Moacyr Grechi Fonte: CNBB
quinta-feira, 2 de abril de 2009
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