Em tempos de auto-ajuda empresarial, onde qualquer dica simples vira “o desvendar do mito” que pode “render milhões”, foi provocativo e intencional colocar um título como este neste artigo. Que bobagem! Ao final da leitura, qualquer texto publicado na internet deixaria de ser segredo. A intenção era ser um título atrativo.
A palavra “segredo”, por conta disto, possui a sua magia. Quem coloca um título com esta palavra, disseram-me os entendidos em textos de internet, atrai muito mais visitas. Não duvido disso não. Aliás, até creio que eles estejam com a razão. Este é um teste!
Mas como um texto não se faz somente com o título, é preciso que tenha algum conteúdo também! E não pode ser um conteúdo mentiroso ou enganador. Se eu quero partilhar um “segredo de sucesso”, tem de ser algo valha a pena o sacrifício da leitura.
E é um segredo simples, uma dica até meio óbvia, mas que os compromissos e atividades cotidianas por vezes nos fazem esquecer ou deixar para trás. E olhando para nossa atividade pastoral, sinto que em alguns casos este segredo não chega a ser secreto. É apenas esquecido ou engolido pelas tarefas e estruturas que temos e pelas que são criadas.
E o “segredo” é: “conhecer bem os níveis e organizações e pessoas com as quais trabalhamos”. Como é que é? Simples. Você está na coordenação de uma área pastoral? Já visitou as comunidades desta área? Conhece os grupos e lideranças locais? Sabe as particularidades de cada um destes grupos e coordenações? Tem ideia do que fazer para ajudar a pastoral da juventude a se desenvolver ali?
E sou bem sincero com você que lê este meu texto agora. Parece simples, mas não é. Enquanto escrevo, estou no serviço de assessoria da PJ no regional Sul 1. Olho para o mapa do estado de São Paulo e digo que não tenho como conhecer todos os grupos em todas as comunidades. Mas posso conhecer as coordenações diocesanas (ou arquidiocesanas ou regionais, dependendo da realidade). E este é um dos desafios ao qual eu estou me colocando para os próximos três anos.
Conhecer quem está em cada nível da estrutura pastoral não é dar mais valor à estrutura. Não podemos nos deixar sufocar pela estrutura. Ela é instrumento para a missão. E conhecer as pessoas que estão na organização pastoral é meio de animar esta missão.
No último artigo comentei que a pastoral se dá na articulação dos grupos. E acrescento agora, além dos grupos, das pessoas. Conheço muita gente fantástica que não está mais na estrutura pastoral, mas que faz um bem danado para a PJ. Mesmo de fora, essa turma continua fazendo pastoral.
E o que isso tem a ver? Contatos, respondo eu. Vou exemplificar. Você está lá na coordenação diocesana. Está bem articulado com as bases, os grupos e as lideranças locais. Sua diocese está bem articulada também com a sub região. Ou seja, estão indo muito bem naquilo que o “segredo” deste artigo trata. Pode-lhe faltar, entretanto, contato de assessoria perita, com quem tratar sobre um tema específico e importante para a caminhada pastoral. E nisso ex militantes da PJ, ex coordenadores, membros de institutos, casas e centros da juventude, por exemplo, tem muito a oferecer. Tem que conhece-los também.
A grande sacada deste “segredo” é que fazendo tudo direitinho, ganharemos conhecimento, faremos contatos, conheceremos realidades diferentes, saberemos lidar com elas e cresceremos pastoralmente. Não é uma promessa vã. Digo isto como testemunho de quem já passou por uma situação como esta numa realidade bem desarticulada. Quem encara este desafio e o leva adiante saberá lidar com boa parte dos casos que podem parecer complicados a princípio.
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