É fato conhecido que um grupo de jovens sozinho não é Pastoral da Juventude. “Como não??? A base da PJ são os grupos!!”, pode questionar um leitor. A este leitor eu peço que releia a frase. Um grupo de jovens SOZINHO não é Pastoral da Juventude.
Se ainda assim, meu caro amigo não entender a mensagem, explico de um jeito diferente. Pastoral se dá na articulação, da mesma forma que uma pessoa sozinha não é comunidade e até para rezar do jeito cristão é necessário que existam pelo menos duas pessoas (Mateus 18,20).
“Espere aí! Meu grupo está numa região onde não existe mais Pastoral da Juventude. Nós nos identificamos com a proposta. Então não somos PJ?”.
Aí esta a grande questão! Identificar-se com a proposta. Identidade. Conheço tantos companheiros e tantas companheiras ligados e ligadas à PJ que teimam e batem o pé falando que é preciso, necessário e urgente que a Pastoral da Juventude rediscuta a sua própria identidade. Como assim, meus caros? “E, Rogério, o que tem uma coisa (isolamento) a ver com a outra (identidade)? Isso está me parecendo o samba do pejoteiro louco”.
Explico. Olhe para a realidade pejoteira que você vive e aquela que você conhece. Você acha que somos uma pastoral de gabinete, de escritório, de umas poucas cabeças pensantes, de uma elite que pensa para a massa executar? Há gente que pensa que somos assim, mas digo que estão errados. Você pode até achar uma ou outra liderança pejoteira sem a devida formação e com uma prática não condizente com isto, mas eles não são maioria.
Reafirmo que não somos uma pastoral de escritório. E poderia dar uma série de exemplos neste sentido. Mas dou um só para não me alongar. Já ouviram falar de casos de dioceses que tiveram suas coordenações de PJ cassadas? Sim. E, ouviram falar que depois desta degola, outra coordenação tão pejoteira quanto a anterior assumiu a coordenação? Se sim, eu lhe digo que a coordenação anterior fez bem a lição de casa. E respeitou um princípio básico da identidade pejoteira.
Que princípio é este? Boas coordenações são aquelas que preparam outros para assumirem seu lugar. Isto eu aprendi no meu primeiro ano de PJ, lá atrás, nos tempos das cavernas (rs). E uma boa coordenação de PJ articula forças e grupos em rede, de modo que o trabalho não pereça se um ou outro núcleo fracassarem, mas que os outros núcleos próximos os auxiliem a se reerguer.
E quem definiu este princípio de identidade? A Igreja? Um grupo de assessores místicos? Não e não! A prática, meu caro! É assim com a vida humana e é assim com a vida pastoral. A gente aprende quem a gente é e o que a gente quer ser, vivendo e experimentando, ouvindo e experimentando, aprendendo e experimentando. O que eu quero dizer? Que identidade se faz na prática.
Há duas observações aí, portanto: os princípios da PJ, como grupos pequenos, assessoria, tempos de coordenação, revisão de vida, formação integral, por exemplo, não são dogmas inquestionáveis. Pode-se experimentar variações nestes temas. Mas são termos consagrados pelo uso. Se alguém faz diferente e mostra um bom resultado, é o caso de estudar este caso. A identidade se faz na prática. A gente aprendeu a ser PJ contando com a experiência vivida por tantos jovens e assessores antes da gente. Eles nos deram nossa marca, eles nos deram nossa experiência. E a gente vai deixar uma marca e uma experiência também para as gerações futuras continuando a fazer pastoral a partir da realidade que nos cerca.
A segunda observação remete ao início deste texto. O grupo isolado que se identifica com a causa da PJ não fica isolado. Não pode e não consegue estar sozinho sob o risco de se extinguir. Quem já comeu do fruto da árvore pejoteira se sente impelido a levar a proposta adiante. E acaba descobrindo justamente o que eu já disse: a identidade com a PJ vai se firmar na prática, seja ela prática missionária ou prática de articulação. Vai ter dificuldades? Claro! Mas são justamente as vitórias sobre as dificuldades que dão o tempero especial na nossa vida, em todos os sentidos!
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