"Nós cristãos colocamos às claras, e à nossa vista, o crucificado. Todos os dias olhamos para ele, assassinado no madeiro. E porque fazemos isto? Por que olhar para a cruz nos obriga a recordar o que nosso pecado produziu. Ela não é obra do Pai, nem Jesus a quis. A cruz é uma invenção da humanidade. É uma maneira terrível de assassinar opositores inventada pelos romanos. E é para ela que olhamos todos os dias, e o fazemos porque nos lembra a capacidade que temos em sermos cruéis. Pois fomos nós, humanidade, que traímos o Mestre, o julgamos injustamente, o negamos e o condenamos à morte. Olhamos para ela, pois “como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também será levantado o Filho do Homem, a fim de que todo o que nele crer tenha vida eterna”. (Jo 3,14-15). Olhamos e nos curamos, pois vemos nela o pior e o melhor da humanidade: a maldade dos seres humanos, e o infinito amor com que Ele – o HUMANO DE VERDADE – amou até o fim. “Eles olharão para mim. E por quem tiverem trespassado, eles hão de chorar como se chora por um filho único, ficarão de luto por causa dele como se fosse o primogênito.” (Zc 12,10). Olhemos, portanto, para Ele – o crucificado – uma vez mais. Porém, não naquele madeiro, mas sim na cruz da juventude, que jaz assassinada em Curitiba e região, nas nossas praças, ruas e campos, às dezenas cada semana, centenas e milhares a cada ano. Olhemos para os jovens, sem desviar o rosto. Olhemos o Hiago - metralhado; Marcos Aurélio – oito tiros; Wellington – tiro no rosto; o executado Charlles; Mikiel – esfaqueado; Guilherme – morto pela polícia; Felipe – tiro na cabeça, GISLEY, PADRE (acrescentei agora) e outros tantos sem nome... sem quem os chore. Sem quem se ocupe e preocupe com sua falta. Se não nos tocam essas mortes, se cada um destes jovens não nos causa amargo na boca, a cruz de Cristo perdeu seu sentido para nós. Olhemos, portanto, para a cruz amarga da juventude de nossas cidades, cruelmente ocultada, mas que nós, jovens da Arquidiocese de Curitiba, queremos ter diante dos olhos e mostrar para nossa sociedade. " Em Cristo! Por: PE. ALEXSANDER CORDEIRO LOPES Vice-Reitor do Seminário São João Maria Vianney
quarta-feira, 17 de junho de 2009
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